Vixe! Neto e Wagner mostram força, Roma procura um partido e o PSDB se cala. E mais, a chegada do Fundo Mubadala na Bahia

Toda quarta-feira temos novidades da política, do empresariado e da cultura pra que você entenda melhor "como a roda gira" nos bastidores

Por Osvaldo Lyra e equipe
01/12/2021 às 07h59
  • Compartilhe
Foto: Arte: Haron Ribeiro
Foto: Arte: Haron Ribeiro
Corte pra enganar a torcida   
 
Por 268 votos a 31, os deputados federais aprovaram o texto do projeto que limita as emendas de relator no Orçamento da União a R$ 16 bilhões. O relator da matéria, no Congresso, foi o senador Marcelo Castro (MDB-PI). O valor praticado era de R$ 16,9 bilhões e, óbvio, não sofreria mais cortes, já que os nobres parlamentares não fariam esse esforço para cortar na própria carne. A votação no Senado aconteceu na sequência, com um placar de 34 a 32.


ACM Neto

ACM Neto mostra força na quinta 
 
O evento de lançamento da pré-candidatura do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, ao governo do Estado, deverá ser usado para mostrar a força política do democrata na Bahia. A expectativa é que o encontro desta quinta-feira (2), no Centro de Convenções de Salvador, conte com a presença do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, além do presidente nacional do União Brasil, Luciano Bivar, e mais de 35 deputados federais que integram o novo partido. O evento deverá reunir ainda representantes de todos os municípios baianos, entre prefeitos, vereadores, deputados e lideranças locais. Há quem diga, inclusive, que, diante da liberação de eventos com público de até 5 mil pessoas, os oposicionistas se unam para mostrar força política com seus aliados, reunindo uma verdadeira multidão dos quatro cantos da Bahia.
 
Jaques Wagner

Rui, Leão, Otto e Wagner em Barra
 
Um dia após o evento de lançamento da candidatura de ACM Neto ao governo, em Salvador, será a vez de o PT e seus aliados mostrarem força e atrair a atenção da população. Isso porque os petistas vão usar a inauguração de uma ponte que liga os municípios de Barra e Xique-Xique, para mostrar que o grupo político encabeçado pelo governador Rui Costa está mais unido do que nunca. Além de Rui, deverão estar presentes o vice-governador João Leão (PP) e os senadores Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD). Por mais que digam que não, o evento será usado para fortalecer o nome de Wagner como o candidato do grupo à sucessão do governador.

João Leão 
Leão, o sonhador
 
A ponte, construída sobre o Rio São Francisco, é um projeto antigo de João Leão e é apontada como estratégica para o desenvolvimento da região, sobretudo, por se constituir como uma nova ligação entre a região oeste baiana, via Vale do São Francisco, e a centro-norte. Com cerca de 1.000 metros de extensão, a ponte, que está situada na BA-160, resulta de investimentos de R$ 133 milhões e vai facilitar a vida da população e contribuir para o desenvolvimento econômico, beneficiando mais de 2,5 milhões de habitantes, de 21 municípios. 
 

 
Petrobras & Mubadala 
 
Foi assinado nesta terça-feira (30) o contrato final (closing) entre a Petrobras e o Fundo Mubadala, dos Emirados Árabes, para a transferência definitiva do controle da Refinaria Landulpho Alves (RLAM) para a iniciativa privada. A refinaria, inclusive, passará a se chamar Mataripe, primeiro nome da RLAM. À frente desse processo de mudança estará o CEO da Acelen, Luiz de Mendonça. O Mubadala comprou a refinaria da Petrobras por US$ 1,65 bilhão.
 
Investimentos em modernização 
 
Segundo informações chegadas à coluna, o novo dono da refinaria pretende fazer investimentos para a modernização e o aumento de eficiência da unidade, buscando atingir o potencial total de produção. Hoje, ela está limitada pela Petrobras em 60%. "A gente tem esse espaço de levar a 100%. O objetivo é sair desses 60%.  É uma oportunidade para quem fornece para a refinaria e para quem está na refinaria", contou um interlocutor baiano que acompanha de perto essa operação. 

Refinaria de Mataripe
Mercado será mantido 
 
Volta e meia se ouve falar que o novo grupo controlador da RLAM não vai abastecer o mercado local. No entanto, segundo informação chegada à coluna, isso não procede. A estratégia no fundo dos Emirados Árabes é justamente o oposto. Segundo o interlocutor, está mais do que pacificado que o foco continuará sendo o mesmo. "A produção será dedicada, prioritariamente, aos mesmos mercados que eram dedicados antes pela Petrobras: o mercado da Bahia e do Nordeste. O compromisso e a responsabilidade primordial são com esses mercados. A estrutura tem uma competitividade boa. O fornecimento continua com foco local", garantiu. 
 
Não haverá demissão em massa
 
A informação vinda de Brasília é que a Petrobras se comprometeu a absorver todos os empregados que não quiserem passar para o novo grupo e estiverem dispostos a sair da Bahia, para outras operações da estatal. A expectativa é que os mais experientes aproveitem o Programa de Aposentadoria Incentivada (PAI) da petroleira, o que deve ser bem recebido pelo estafe da companhia, também formado por veteranos do setor de combustíveis.
 
Mudança na operação 
 
Hoje, dia 1º de dezembro,  será iniciado um contrato com a Petrobras, para que a estatal opere por 15 meses a RLAM para o Fundo Mubadala. O grupo árabe será proprietário do ativo, mas não será inicialmente os operadores. Isso vai acontecer para que seja feita uma transição tranquila. "É importante destacar que todos os funcionários que estão na operação hoje da Petrobras são importantes e desejados. Todos eles que quiserem, serão bem-vindos. Ninguém será demitido", garantiu outro interlocutor do grupo. 
 
Novas contratações
 
Ao invés de demitir, a ideia é contratar um quantitativo próximo a mil trabalhadores para a nova Refinaria de Mataripe. "Hoje a Acelen tem umas 80 pessoas. Mas o corpo produtivo é de aproximadamente 800 integrantes. Esse número pode ser até maior. Então há aí um processo que pode precisar de mais gente", antecipou. 
 
Passivo ambiental
 
Bastante discutido pela sociedade civil e pelas prefeituras da Região Metropolitana, o passivo ambiental da refinaria é sempre um ponto de discórdia, quando o assunto é a negociação envolvendo a estatal e o fundo Árabe. Odores, poluição sonora, áreas fechadas e contaminadas por derivados de petróleo, além de um ecossistema marinho afetado, são alguns exemplos do resultado de uma ocupação que começou na década de 1950. O entendimento é que o passivo ambiental de uma longevidade como esta é de responsabilidade do vendedor e não do comprador. Portanto, o passivo ambiental está no colo da Petrobras e não acompanha o processo de compra e venda.
 
Reação imediata 
 
Tão logo a operação entre a Petrobras e o Fundo Mubadala, dos Emirados Árabes, foi anunciada, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) e sindicatos filiados divulgaram uma nota afirmando que continuarão lutando judicialmente contra a privatização da Refinaria Landulpho Alves (RLAM), na Bahia, e contra a venda das demais unidades de refino da Petrobras. Além disso, o conselho deliberativo da FUP aprovou, em reunião de emergência de ontem, a realização de ato nacional, na próxima sexta (3), contra a privatização da Petrobras, da RLAM e seus terminais, e de demais ativos da Petrobras, na Bahia.
 
Ações na Justiça 
 
Várias ações tramitam na Justiça, ainda sem julgamento. Na Justiça Federal da Bahia, por exemplo, está em curso ação civil pública demonstrando o risco da criação de monopólio regional privado, com impactos negativos para o consumidor, decorrente da privatização da RLAM, a segunda maior refinaria do país, com capacidade de 377 mil barris/dia de produtos de alto valor agregado. O problema foi apontado por estudos da Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro, que avaliou ainda outras refinarias que estão à venda e indicou o mesmo risco para todas as plantas.
 
 
João Dória 

Doria vence, mas não convence 
 
O governador de São Paulo, João Doria, será o candidato do PSDB à Presidência da República em 2022. O tucano derrotou o também governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite nas prévias do partido no último sábado (21). Apesar da vitória, apertada, a percepção de muita gente do partido é que a candidatura de Doria vai ser esvaziada, caso ele não viabilize uma união com o ex-juiz Sérgio Moro. "Com a vitória apertada, de Doria, parte importante do PSDB vai abandonar o barco e apoiar Moro", confidenciou um tucano. A percepção parece estar correta, pois o adversário de Doria nas prévias, inclusive, já anunciou que receberá o ex-juiz para um encontro no próximo sábado no Rio Grande do Sul. A conferir. 

 
O silêncio do tucanato baiano
 
Mesmo não sendo novidade para ninguém que o diretório do PSDB na Bahia apoiava a candidatura de Leite, chamou a atenção o silêncio dos tucanos baianos após o resultado das prévias. Nenhum dos parlamentares com mandato no estado parabenizou a vitória de Doria. O único, aliás, que sorriu e comemorou muito foi Antônio Imbassahy, que goza de muito prestígio junto a ala doriana do partido.
 

Bolsonaro e Valdemar Costa Neto

A filiação de Bolsonaro e o PL
 
A chegada do clã Bolsonaro ao Partido Liberal deixa o jogo eleitoral ainda mais confuso nos estados e no país. Na Bahia, a dúvida é que estratégia será jogada pelo Planalto em 2022. 

João Roma
Roma vai para qual partido? 
 
Já é consenso em Brasília que o  ministro da Cidadania, João Roma, será candidato a governador no próximo ano. A avaliação é que o ministro poderá montar um palanque que rode o estado e defenda o legado do presidente junto ao eleitorado. A dúvida agora é saber por qual partido. Roma vai se filiar ao PL, por uma indicação de Bolsonaro, ou vai disputar por outra sigla? Há quem diga que ele já estaria de saída do Republicanos.
 
Os apoios e o anúncio 
 
Entre os liberais, o questionamento é se Roma, uma vez no PL, vai ou não trabalhar para atrair apoios para sua candidatura. "Vai ser candidato a governador com um partido só? Já começa pequeno, caso largue só com o PL", como disse um deputado ouvido pela coluna. Ele disse, inclusive, que Roma só deverá anunciar a candidatura após fechar alianças. 
 
Efeito cascata 
 
E mais, caso Roma se candidate pelo PL, provocará automaticamente o rompimento do partido com o ex-prefeito ACM Neto, já que ele e os liberais estão juntos há quatro anos. Inclusive, é esperado que deputados e lideranças tenham decidir de que lado vão estar. Alguns continuarão com Neto e outros seguirão Roma e Bolsonaro. A conferir.