Diretora da OMS afirma que mundo está vivendo quarta onda de Covid-19

Segundo Mariângela Simão, o coronaírus continua evoluindo com variantes mais transmissíveis

Por Redação
22/11/2021 às 22h30
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Foto: Reuters/Direitos Reservados
Foto: Reuters/Direitos Reservados

A diretora-geral adjunta de Acesso a Medicamentos e Produtos Farmacêuticos da Organização Mundial da Saúde (OMS), a brasileira Mariângela Simão, afirma que o mundo está entrando em uma quarta onda da pandemia de Covid-19. Ela trouxe o tema em conferência na abertura no Congresso Brasileiro de Epidemiologia.

"Estamos vendo a ressurgência de casos de Covid-19 na Europa. Tivemos nas últimas 24 horas mais de 440 mil novos casos confirmados. E há subnotificação em vários continentes. O mundo está entrando em uma quarta onda, mas as regiões têm tido um comportamento diferente em relação à pandemia", disse.

Segundo Mariângela, o coronavírus continua evoluindo com variantes mais transmissíveis. Mas em razão da vacinação houve uma dissociação entre casos e mortes, pelo fato de a imunização ter reduzido os óbitos. Ela lembrou que a vacinação reduz as hospitalizações, mas não interrompe a transmissão.

"O aumento da cobertura vacinal não influencia na higiene pessoal, mas tem associação com diminuição do uso de máscaras e distanciamento social. Além disso, há desinformação, mensagens contraditórias que são responsáveis por matar pessoas", pontuou a diretora-geral adjunta da OMS.

Um problema grave, acrescentou, é a desigualdade no acesso às vacinas no mundo. "Foram aplicadas mais de 7,5 bilhões de doses. Em países de baixa renda, há menos de 5% das pessoas com pelo menos uma dose. Um dos fatores foi o fato de os produtores terem feito acordos bilaterais com países de alta renda e não estarem privilegiando vacinas para países de baixa renda", analisou.

Mariângela Simão considera que o futuro da pandemia depende de uma série de fatores. O primeiro é a imunidade populacional, resultante da vacinação e da imunização natural. O segundo é o acesso a medicamentos. O terceiro é como vão se comportar as variantes de preocupação e o quão transmissíveis elas serão.

O quarto é a adoção de medidas sociais de saúde pública e a aderência da população a essas políticas. "Onde medidas de saúde pública são usadas de forma inconsistente os surtos continuarão a ocorrer em populações suscetíveis", projetou.

 

Américas e Brasil

Ao avaliar a situação das Américas e do Brasil, Mariângela Simão afirmou que as Américas vêm tendo um comportamento de transmissão comunitária continuada, com ondas repetidas.

Quanto ao Brasil, ela afirmou que o programa de vacinação está andando bem. Mas, a partir da situação na Europa, ela se mostrou receosa com o futuro da pandemia no Brasil pelas discussões em curso sobre o Carnaval.

"Me preocupa quando vejo no Brasil a discussão sobre o Carnaval. É uma condição extremamente propícia para aumento da transmissão comunitária. Precisamos planejar as ações para 2022", alertou.

 

* Com informações da Agência Brasil.