'Eu quero que as pessoas vivam tudo isso', diz Gessy Gesse sobre a Casa di Vina

Viúva de Vinícius de Moraes participou da integração do espaço a um hotel da capital baiana, neste domingo (21)

Por Osvaldo Lyra e Yuri Abreu
22/11/2021 às 08h58
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Foto: Divulgação
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A Casa de Vina, local onde o poeta Vinícius de Moraes e a atriz baiana Gessy Gesse viveram uma intensa história de amor, nos anos 1970, passou a integrar a estrutura de um hotel, no bairro de Itapuã, em Salvador, que passa oficialmente a se chamar Casa di Vina Boutique Hotel.

O espaço conta com 76 quartos, restaurante aberto ao público e um memorial em homenagem ao artista. Uma da presentes ao evento de integração, que ocorreu neste domingo (21), foi a própria Gessy Gesse. Ela, aos 86 anos, falou sobre o fato de a memória de ver a Vinícius ainda tão presente.

"É uma responsabilidade muito grande. Primeiro, é o que cabe dentro da gente, o que a gente tem que fazer para isso ser transformado em 'veja isso', 'sinta isso', 'aproveite isso'. Foi o que eu tive. Eu não posso ter o egoísmo de morrer com tudo isso aqui e levar pra mim. Eu quero que as pessoas tenham amor também, que vivam tudo isso", disse ela, em entrevista ao Portal M!.

"Eu me sinto muito lisonjeada por Deus e Vinícius de terem me dado esse poder, de estar hoje, viva, com 86 anos de idade, dizendo as pessoas que amem. O amor é importante. Se respeitem, o respeito é importante. Fora disso, não tem mais nada. Que bom que eu posso estar dizendo isso às pessoas", completou.

Relação intensa

Ao relembrar o caso de amor que teve com o poeta, Gessy Gesse pontuou a personalidade forte que tinha Vinícius, especialmente em uma situação de racismo sofrido por ela, no Rio de Janeiro, na década de 1970, quando ela foi defendida pelo autor de "Tarde em Itapuã".

"Hoje eu vejo o movimento negro, todos esses movimentos com o respeito pela raça (...) há 30 e poucos anos o que eu sofri no Rio de Janeiro foi uma coisa absurda, mas Vinícius teve personalidade ao dizer que eu era a mulher que ele amava e nisso a gente enfrentou sete anos. Pessoal, cuidado com as palavras, cuidado com o exagero. Com a inteligência a gente consegue tudo", afirmou.

"Vamos deixar de afobamento. Há muita coisa afobada e sem consciência. É muita 'Maria vai com as outras'. Veja o seu bem, a sua necessidade, vá por você... com inteligência, com paciência, com amor e respeito", finalizou.