A Educação no cenário da pandemia da Covid-19

Por Rosângela Silva de Carvalho
22/11/2021 às 08h00
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Foto: Acervo Pessoal
Foto: Acervo Pessoal

 Jamais imaginaríamos que um cenário de pandemia mundial pudesse assolar a humanidade na atualidade, algo que fez lembrar filmes de ficção científica. Mas não se trata de cinema, e sim da vida real, noticiando diariamente, quase que sem cessar, as vidas e mais vidas que se foram, o medo de estar perto uns dos outros, de abraçar, de viver normalmente.

As informações do caos da saúde pareciam distantes, na China e em países europeus. Quando esse cenário chegou ao Brasil, o horror parecia ainda mais real, muitos conhecidos, parentes e muitos de nós mesmos contraímos o vírus Covid-19. As notícias não paravam de aparecer, aos nossos olhos e ouvidos, de famílias inteiras internadas, filhos órfãos, pessoas viúvas, pais que perderam seus filhos.

Como se ainda a desgraça não tivesse chegada completa, ainda assistíamos a mais e mais informações nas mídias de comunicação sobre o negacionismo da pandemia daquele que deveria envidar todos os esforços possíveis para o enfrentamento do problema, na busca e apoio de soluções para dar assistência à toda população brasileira, o chefe do Estado. Junto a isso, ainda convivemos com a crise sanitária, questões de cunho econômico, político, educacional, entre outras.

A educação, sempre tão castigada e difícil no Brasil, encontra-se mais enfraquecida e sem recursos. Todos os níveis de escolaridade ficaram sem ter acesso às suas atividades escolares e acadêmicas. Em se tratando de instituições de ensino privadas, mais cedo retornaram às aulas de modo on line. Contudo, num ambiente familiar, que nem sempre oportuniza ser um local apropriado para o ensino e a aprendizagem, pois o barulho, a falta de espaço, outras pessoas que estudam e trabalham no mesmo ambiente, as variadas "distrações" da própria tela dos equipamentos, somando quedas da internet, interferem para um momento em que é necessária uma atenção em especial ao aprendizado.

Do outro lado estão as famílias de pessoas menos abastadas, com vulnerabilidade social, com residências nem sempre apropriadas para o essencial ato de morar, quem dirá para se concentrar, conectar e estudar.

Muitos alunos da educação básica tinham suas refeições garantidas nas escolas públicas. Mas agora, em casa, sem alimentação, aumento do nível de pobreza e falta de empregos, e ainda tendo como condição para estudar possuir um equipamento que conecte com a internet, e esta também tendo que ser paga. Ou seja, além exclusão educacional, agora tem que conviver com a exclusão digital, uma falta de políticas públicas e educacionais que garantissem o mínimo possível de acesso ao conhecimento nessa pandemia.

Se já havia o descaso do governo atual com a Educação, essa lacuna ficou cada vez maior e está sendo mais evidenciada no contexto escolar. A pandemia castiga, o governo pisa e sufoca um direito que a Constituição garante, como o acesso à moradia, saúde e educação.

*Rosângela Carvalho é bibliotecária do IFSertãoPE e doutoranda em Educação/UFBA

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