Admirável mundo velho

Por Jair Ataújo*

Por Jair Araújo
21/11/2021 às 07h30
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Foto: Divulgação
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A COVID-19 é a redenção na vida e na morte. Para muitos, bicho pior que peste. Pois, aos olhos de alguns, é uma oportunidade para a prática da corrupção. Principalmente no Nordeste esse crime ceifa tanto quanto a fome. O povo sofrido diz que é a vontade de Deus. Que estranha fé!

A Bahia está sendo vendida para a China e a patrulha do politicamente correto está cada dia mais barulhenta, dando nomes e formalizando leis a respeito de situações antes tão corriqueiras e hoje polêmicas e de difícil aceitação. Triste Bahia!

O mundo em desatino; a imprensa colérica diz ser culpa de genocida. Há desfaçatez e hipocrisia entre os políticos; lives todas as horas do dia e para todos os gostos.

Existem intelectuais que não cultivam o espírito de nação, são neutros, mas só em relação à linguagem. Há rima neutra em poesia?

Em detrimento da verdadeira instrução e da própria ciência biológica, as escolas estão a defender imposições ideológicas e culturais. Não tarda, as famílias assumirão o papel de meros procriadores e a liberdade de desejarem filhos machos ou fêmeas será considerada crime. Quem sabe a natureza, para não contrariar os quereres humanos e pôr fim a toda essa polêmica num futuro próximo, se encarregue de fazer nascerem apenas seres "hermafrodites"?

Bob Dylan é Nobel de Literatura; Sarney, com o seu "Maribondos de fogo", tornou-se imortal. Pelé, com a bola no pé, escreveu lindas poesias. Qual o problema de Gil tomar assento na cadeira 20? Injustiça!

Perdeu-se o sossego nos condomínios. A civilidade está em baixa, fugiu para os confins do mundo. Não se ouve mais músicas, somente um barulho ensurdecedor, neurotizante: ? "bate estacas". Não são poemas, são composições pobres de fraseados curtos e refrões pornôs repetitivos que dizem ser arte. A lei Rouanet empobreceu a cultura e os bolsos de muitas celebridades do meio artístico.

Já não tenho idade para indignações, mas os acontecimentos não me deixam alternativa. Até a ciência, cuja doutrina espírita recomenda ficar com ela quando esta comprovar que os ensinamentos Kardecistas estãoerrados, anda falhando. Talvez por interesses não doutrinários.

Os jovens estão a habitar outra realidade, relativizam tudo, ou quase tudo. Andam orbitando o próprio umbigo e vivendo um dia de cada vez.

Opinião é crime, paquerar é assédio. Vivemos em tempo de "lacrações" e "cancelamentos" (sou avesso a estes termos). Melhor seriam censura e perseguição.

Os adeptos doslockdowns agora brigam pela liberação do carnaval. Para os trabalhadores que não se vacinarem, demissão. Para os carnavalescos, a livre diversão. Talvez porque agora estejam a admitir que seja este o perfeito mecanismo para a imunização do rebanho. A liberdade tem caprichos e os seus donos residem no poder, concedido pelo próprio povo que pretendem escravizar. Já não basta deixar este papel para as redes sociais?

Não devemos permitir que as nossas relações afetivas se tornem dependentes da tecnologia e assumam o controle das nossas vidas. O volume de mensagens no WhatsApp é avassalador. Não tarda e teremos de utilizar robôs para responderem os "bom dia" e aos "boa noite" num tempo não superior a sessenta segundos. Mais que isso é considerado desdém, deselegância, falta de educação. As amizades cobram pelo menos o envio de emojis, a fim de não se sentirem abandonadas. Uma exigência sufocante. Como se num passado recente fosse habitual procurar um a um dos nossos amigos, todos os dias, para cumprimentá-los. Sinto por aqueles que pensam assim!

Vez por outra, tenho o direito de ficar morgando, em absoluta inércia mental, bem distante das novas imposições sociais, ou ruminando sobre os absurdos que andejam nas páginas da "imprensa livre". Houve um tempo em que o jornalismo noticiava verdades para desmascarar mentiras. Atualmente, noticiam mentiras para mascarar verdades. Recentemente, li que o advogado do Adélio, em entrevista, revelou que o cliente que está pagando os seus honorários o faz movido apenas e tão somente por "amor ao próximo". Pelo dinheiro vende-se a alma, ama-se o assassino, execra-se a vítima.

Andam a falar da existência de "imoraes" e ídolos "barrosos" na corte. Semideuses de um "Olimpo" tupiniquim. Por essas e outras, continuo a acreditar na Justiça Divina. Ela pode demorar, mas não falha. Enquanto isso, continuarei a ouvir Eric Clapton.

Tenho a impressão de que, na carne, morrerei num feriado qualquer. Espero ser em dia Santificado, levando comigo as imagens dos meus mais felizes dias, bem antes da consolidação do "Admirável mundo Novo".

*Jair Araújo - escritor

Membro Correspondente da Academia de Letras Artes e Ciências Brasil (ALACIB), Mariana - MG
Membro efetivo da SPBA - Sociedade Brasileira de Poetas Aldravianistas
Jairsaraujo48@gmail.com

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