Psicóloga alerta para perigo da série Round 6 e diz que os pais têm o papel de observar os filhos

Sucesso na Netflix, a trama possui classificação indicativa para 16 anos e não deve ser assistida por crianças 

Por Jones Araújo
21/10/2021 às 16h56
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Foto: Divulgação
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Um dos maiores sucessos da história do streaming, a série coreana Round 6 tem sido também pivô de diversas polêmicas. Com classificação indicativa para 16 anos, ela está sendo assistida por crianças. Em Salvador, diversas instituições de ensino mandaram comunicados oficiais para os pais alertando sobre os riscos de expor os estudantes a um conteúdo tão violento. 

A psicóloga Rebeca Cardoso diz  que a ação é necessária, pois os pais devem cumprir o papel de fiscalizar, impedir o acesso ao conteúdo e dialogar com os filhos sobre os possíveis problemas que eles podem desenvolver ao serem expostos a esse tipo de conteúdo.

"Não podemos em hipótese alguma delegar, colocar nas costas de outra pessoa ou plataforma a responsabilidade pela integridade deles, pois ela deve começar em nós, explicando, impondo limites e estando abertos para aconselhamento", afirma a especialista. 

No enredo da primeira temporada de Round 6, que conta com  nove episódios, 456 pessoas endividadas têm a chance de mudar de vida em uma competição de sobrevivência que envolve vários jogos infantis como Batatinha Frita 1, 2, 3, bolas de gude e cabo de guerra. Quem não consegue cumprir as regras dos jogos morre.

A série faz um critica social  a respeito da sociedade de consumo e também sobre os efeitos do endividamento desenfreado causado pela ganância e ao próprio capitalismo.  Entretanto, ao contrário dos adultos, a criança pode não ter o filtro e maturidade de tirar lições e aprendizados da obra. Para ela, ficam apenas as mortes, sangue e cenas fortes de violência. 

O que causa preocupação entre professores, pedagogos e educadores em geral é a facilidade com que as crianças acessam esse material. Por esse motivo, segundo a psicóloga, os pais devem cumprir o papel de observar os filhos e sempre propor diálogos.  

"Todo filme e série tem uma classificação indicativa. Se por acaso a criança assistiu é preciso existir o diálogo para orientar porque ela não tem a maturidade de compreender, assimilar e não absorver aquilo que ela viu. O adulto tem um filtro e a criança nem sempre consegue fazer esse filtro e então ela pode ter pesadelos, insônia, pode não querer mais brincar com as brincadeiras que da série e isso pode prejudicá-la em todo o âmbito, tanto escolar, como social", explica Rebeca Cardoso. 

Rebeca Cardoso é psicóloga 

Conversa acolhedora 

A psicóloga pontua que o diálogo em casa é muito importante e deve ser feito de uma forma que a criança também seja ouvida. "A gente tem que entender, ter empatia, se colocar no lugar daquela criança, deixar que ela tenha voz sobre o que ela presenciou, viu, sentiu, para que a gente possa tentar amenizar o sentimento que ela está passando", destaca.   

Rebeca chama atenção sobre a importância de os pais fortalecerem um canal de comunicação com os filhos para que eles não sejam silenciados e prefiram conversar com os amigos e acabem não levando a demanda do medo, angústia e outros sentimentos para a casa.  

"É importante saber para que possam ser feitas orientações. Os pais devem conversar sempre sobre o que é pertinente e saudável para a idade, mas com conversas acolhedoras. É importante para a criança sentir segurança e ajuda também no fortalecimento do vínculo com os pais", orienta. 

Rebeca diz que, após a criança assistir à série, os pais devem observar as brincadeiras, se quando ela brincar novamente será da forma de antes ou sentirá medo. Por outro lado, é interessante ter atenção também se o menor não está sofrendo algum tipo de violência porque pode haver pessoas que queiram utilizar as brincadeiras para causar medo. 

Adolescentes 

Mas e quanto aos adolescentes de 16 anos ou mais? A psicóloga explica que é necessário que os pais ou responsáveis conversem com eles sobre o que acharam da série, façam considerações morais, sociais e éticas, fazendo com que haja uma reflexão sobre o que viram e passem as orientações cabíveis.  

"A série apresenta assuntos como sexualidade, violência, saúde mental, abuso de drogas, dinâmica conturbada entre pais e filhos, autoestima entre outros, o que nos leva a uma observação importante: para aqueles indivíduos que já tiverem apresentados comportamentos violentos, ou até mesmo uma depressão, é necessário que os responsáveis tenham um olhar mais atento para os impactos negativos da série", finaliza. 

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