APLB bate o martelo e decide não retornar às aulas presenciais nesta segunda-feira

"Não queremos transformar as escolas públicas em um paredão da morte", diz Rui Oliveira

Por Jones Araújo
16/10/2021 às 08h40
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Foto: Divulgação
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O retorno das aulas 100% presenciais na rede estadual do estado está agendada para esta segunda-feira (18), mas o coordenador-geral da Associação dos Professores Licenciados do Brasil - Secção da Bahia (APLB-BA), Rui Oliveira, já bateu o martelo: a categoria não voltará às escolas.  

De acordo com ele, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), tomou uma posição unilateral, sem conversar com o sindicato. O coordenador da APLB ressalta que o retorno presencial, no atual  cenário da pandemia de Covid-19, é uma questão de logística, que, se não for bem planejada, pode se tornar um tiro no pé.  

O fato é que a categoria ainda não se sente segura e, ressalta Rui Oliveira, há ainda profissionais idosos que atuam nas escolas. Com base nisso, a APLB acionou os Ministérios Públicos Estadual (MP-BA) e do Trabalho (MPT) para ajudar, fazendo a intermediação com o Governo do Estado.

Assim, Rui Oliveira afirma que a terceira fase do ano letivo continuum 2020/21, com as aulas 100% presenciais, será adiada e o estado dará segmento ao modelo híbrido.  

"Nós queremos cumprir o que a Organização Mundial da Saúde determina: um metro e meio de distanciamento. Em uma sala que cabia 40, só caberá 20", explica Rui Oliveira.  

A vacinação avança no estado e, até novembro deste ano, boa parte da população baiana estará imunizada com as duas doses. Mesmo assim, é importante evitar aglomerações e manter todos os protocolos de segurança.

É neste ponto que a APLB bate na mesma tecla. Rui Oliveira sinaliza um problema de logística, já que, segundo ele, as salas de aula estarão cheia de alunos.  

"É um equívoco, parece que não sabem fazer conta, porque há salas com 40 alunos. Com um metro e meio de distanciamento, não cabe. Onde cabia 40, vai caber 20. É um tiro no pé.  Não queremos transformar as escolas públicas em um paredão da morte", dispara o coordenador da APLB.  

Perguntado sobre a recuperação do tempo perdido tanto, para alunos quanto para professores, Rui Oliveira responde que é preciso apostar no futuro.

"A educação é dialética, temos que apostar no futuro, nos reiventar. Vamos encontrar uma maneira de recuperar o tempo perdido. Não só a educação, como os outros setores econômicos da cidade", finaliza.  

 

Preparativos para o retorno

Pela primeira vez desde que foram interrompidas, em março de 2020, as atividades 100% presenciais podem ser retomadas na próxima segunda-feira (18) na rede pública de ensino da Bahia. Mas, com a baixa adesão ao modelo híbrido iniciado em julho - cerca de 50% dos 840 mil estudantes do estado - o governo teme que a evasão chegue a 30% nas escolas.

O ano letivo continuum 2020/21 na rede estadual de ensino começou no dia 15 de março e migrou para o híbrido, com aulas semipresenciais, no dia 26 de julho para o Ensino Médio e no dia 9 de agosto para o Fundamental.  

Segundo a Secretaria Estadual de Educação, a preparação para o formato semipresencial, fez as escolas da rede estadual passarem por adequações dos protocolos de biossegurança, com investimentos da ordem de R$ 305 milhões, disponibilizados para reforma, manutenção e adequações.  

A SEC ressalta também que, ao entrarem na escola, com uso obrigatório de máscaras, os estudantes têm a temperatura aferida por um funcionário da unidade.

Eles também são direcionados para fazer a higienização das mãos, em pias disponíveis nos colégios, ou por meio dos dispensers de álcool em gel 70%, instalados em locais estratégicos e de fácil acesso.  

O ano letivo continuum 2020/21 na rede estadual de ensino segue até o dia 28 de dezembro.