Bate desespero em Marcelo Nilo e ele tenta trocar o PSB pelo PDT. E o MDB, de leproso a partido cortejado

Toda quarta temos novidades da política, do empresariado e da cultura pra que você entenda melhor "como a roda gira" nos bastidores

Por Osvaldo Lyra e equipe
13/10/2021 às 08h29
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Foto: Arte: Haron Ribeiro
Foto: Arte: Haron Ribeiro

O MDB no jogo 

A indefinição sobre o futuro político do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e a possível entrada dele no Progressistas fez com que partidos da base do governador Rui Costa ligassem as antenas para o cenário de total imprevisibilidade que essa movimentação pode trazer com vistas à eleição de 2022. Dirigentes de partidos ligados ao PT afirmam que uma eventual saída do PP da base do governo coloca o MBD, dos irmãos Vieira Lima, como uma legenda cobiçada pelo senador Jaques Wagner, pré-candidato ao governo, devido ao tempo de programada no rádio e na TV e o que isso traz de benefícios para a ala governista.

Lúcio Vieira Lima 

De leproso a partido cortejado
 
É bom lembrar que na eleição passada o MDB era um partido considerado "leproso", que ninguém queria ter por perto. Agora, além do PT, Lúcio Vieira Lima tem mantido conversas com o ministro da Cidadania, João Roma, e com o pré-candidato do União Brasil, ACM Neto, ex-Democratas. Na base petista, o que se comenta é que o fortalecimento dos emedebistas deixa eles com o apetite ainda mais voraz para futuras negociações, que podem render espaços já no governo Rui Costa e um eventual governo Wagner. A conferir. 

 
Marcelo Nilo e Lidice da Mata 

A situação no PSB preocupa
 
A situação no PSB baiano tem preocupado as principais lideranças do partido. Com a presença de dois deputados federais com mais de 100 mil votos cada, sua presidente Lídice da Mata e o deputado Marcelo Nilo, o cenário se complica para a eleição de 2022, devido à dificuldade de conseguirem atrair quadros que possam se candidatar a uma vaga na Câmara Federal. O entendimento de quem está fora é que não vale disputar pela sigla, já que, dificilmente, elegerão dois, muito pior três parlamentares. Sem nomes competitivos, que auxiliem na atração de votos, o coeficiente dificilmente será atingido, deixando um dos deputados hoje com mandato de fora. O detalhe é que esse cenário se repete com o PSB em vários estados do país.

 
Solução aprovada pelo Congresso
 
Uma das alternativas para furar esse bloqueio é trabalhar pela formação da federação de partidos, aprovada recentemente pela Câmara e Senado Federal. O mecanismo se assemelha às antigas coligações, e permite que partidos formem alianças eleitorais, mas com um detalhe, não só para o período da eleição, mas sim, para os quatro anos seguintes, de forma vertical, ou seja, em todos os estados da federação. Isso, inclusive, pode ser um ponto nevrálgico para viabilizar o novo mecanismo. 

Lula

Partidos se unem para viabilizar a federação
 
No campo da esquerda, as conversas estão adiantadas em âmbito nacional entre o PT, PCdoB, PV, PSB e a Rede. Todos querem estar com o PT, do ex-presidente Lula. Até mesmo o PSOL começa a ser cogitado para essa arrumação, devido às semelhanças que as siglas possuem. Resta saber se vão conseguir superar os egos e os interesses pessoais em detrimento do coletivo. 

Devidson Magalhães

Todos querem o PT, inclusive o PCdoB 
 
Inclusive o PT, com as mudanças aprovadas recentemente pelo Congresso Nacional, se tornou um dos partidos mais fortes e cobiçados para a próxima eleição, sobretudo, por ter muito voto de legenda, o que pode acabar beneficiando a todos. A avaliação do bloco governista é que o PCdoB, comandado na Bahia pelo secretário Devidson Magalhães, também leva vantagem nessa formação das chapas, por ter uma base sindical forte e candidatos competitivos, dispostos a entrar na disputa só para compor os espaços e fazer número. Outro elemento complicador é a verba disponível para o financiamento da campanha. Antes, o fundo partidário se concentrava na mão de poucos, que eram vitaminados, diferente de agora, que deverá ter o bolo redistribuído para tornar mais nomes competitivos.  
 

Marcelo Nilo
E a situação de Nilo?
 
A situação do deputado federal Marcelo Nilo parece ser incomoda no PSB. Primeiro, o próprio deputado disse à presidente da sigla na Bahia, Lídice da Mata, que se não tivesse coligação proporcional iria buscar um novo partido para disputar a próxima eleição. Depois, mudou o discurso e disse que não tinha falado aquilo não. No partido, o que se diz é que não há qualquer pressão sobre o assunto. No entanto, o próprio deputado tem propagado pelos quatro cantos do estado verdadeiros impropérios contra o comando da sigla. 

Félix Mendonça Júnior 
Deputado abre conversa para entrar no PDT
 
E por falar no deputado Marcelo Nilo, informações vindas do Centro Administrativo da Bahia deram conta nos últimos dias de que o deputado federal teria aberto o diálogo com setores do PDT na Bahia para tentar voltar para a sigla. Pelo que se comenta no entorno da Governadoria, Nilo estaria se articulando para ser indicado à vaga de senador ou vice na chapa do ex-prefeito ACM Neto, lógico que na cota do PDT. No entanto, isso estaria sendo um ponto de tensão na negociação com os pedetistas, já que não dá pra chegar agora no partido e "sentar no melhor do avião". Até porque, na fila para assumir espaço na chapa tem o presidente estadual Félix Mendonça Júnior. 

Carlos Lupi
Movimento desesperado
 
Segundo informações obtidas com exclusividade pela Coluna Vixe, Marcelo Nilo teria conversado com Leo Prates e o deputado André Figueredo para abrir a interlocução com o presidente nacional da sigla, Carlos Lupi. De acordo com pessoas próximas ao comando pedetista, não há a menor chance dele voltar para o PDT, nem para sentar no banco da frente nem no banco de trás do partido. Até porque, só para refrescar a memória do nosso leitor, Nilo deixou o PDT batendo portas e criticando o dirigente da sigla na Bahia. Félix Mendonça Júnior, inclusive, chegou a processar criminalmente o deputado que, pelo visto, terá muita dificuldade para encontrar um partido para disputar a reeleição no próximo ano, já que ele tem muito voto e isso se torna um complicador na hora de montar uma legenda para a disputa. 

Guilherme Bellintani 
Bellintani e Zé Ronaldo de olho
 
Muitos querem o PDT, mas dificilmente terão espaço para entrar no partido, se a estratégia for participar da chapa majoritária de ACM Neto. Dois nomes, inclusive, já passaram a ser especulados para isso. Um deles é o presidente do Esporte Clube Bahia, Guilherme Bellintani, e o outro é o ex-prefeito de Feira, José Ronaldo Carvalho. Ambos atenderiam a estratégias diferentes de Neto, mas contrariaria frontalmente os planos do partido, de integrar a chapa do União Brasil com um pedetista puro sangue. 

João Gualberto 
Todos querem espaço na chapa 
 
Nessa corrida para ocupar espaço na chapa de ACM Neto tem cinco nomes que já se movimentam, pelo menos nos bastidores, para isso. Além de Félix Júnior, José Ronaldo e Guilherme Bellintani, correm por fora o prefeito de Mata de São João, João Gualberto, que sonha em largar a gestão do município para se lançar na disputa a vice no próximo ano, além do presidente estadual do Republicanos, bispo Márcio Marinho, que ja teria adiantado que não abre mão de participar da chapa. O que se comenta no entorno de Neto é que os cinco já estão comprando tênis e a roupa básica para correrem os quatro cantos da Bahia. O detalhe é que na chapa com três vagas apenas, os outros três ficarão de fora. Você se arrisca a especular quem leva a melhor nessa disputa?
 
 
Lidice da Mata 

Lidice sempre foi contra o voto distrital
 
A deputada federal Lídice da Mata sempre foi contra o voto distrital. Pra ser mais preciso, há 30 anos, desde a última reforma constituinte. A deputada defende o voto proporcional, que permite o espaço das minorias e o que elas defendem, pois, segundo ela, é o que mais traduz a proporcionalidade da sociedade. No máximo, a deputada baiana admitia a possibilidade de votar o voto distrital misto, que chancelava os dois sistemas e não excluía os partidos políticos. No entanto, como não passou na última reforma política no Congresso, Lídice comemorou a vitória do que classifica como "a não supremacia do individualismo político", que causaria o fim da política. 
 
Os senadores não iriam se calar
 
O que se comenta em Brasília é que derrota sofrida por muitos coronéis da política, que queriam empurrar o voto distrital, era que o Senado Federal não derrubaria a votação da Câmara, que havia aprovado a mudança do sistema eleitoral brasileiro. Ledo engano. Para deputados mais experientes da Bahia, os senadores da República não iriam se furtar de dar a opinião sobre algo tão crucial para a democracia do país, mesmo eles não sendo atingidos diretamente pela medida, já que a votação para o Senado se dá através de votação majoritária e não na proporcional. 
 
 
ACM Neto

União Brasil sem candidato ao Planalto
 
Confirmado o processo de criação do União Brasil - fruto da fusão entre o PSL e o DEM - começou a queda de braço interno sobre o lançamento ou não de um candidato a presidente da República em 2022. Segundo um interlocutor do partido, a ideia de parte dos remanescentes do PSL é ter uma candidatura própria no ano que vem. Já os democratas sustentam o desejo do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, de não ter um candidato próprio ao Palácio do Planalto. Os democratas defendem que cada integrante do partido localmente decida qual rumo seguir no próximo ano. Isso, inclusive, o beneficia diretamente na Bahia, já que as pesquisas feitas pelo grupo mostram a sinalização da população de votar em Lula para presidente e no próprio Neto para governador. 

Datena
Nomes no páreo
 
Caso a estratégia remota de lançar candidato se concretize, alguns nomes são especulados como possíveis para entrar na disputa. Entre os três estão o apresentador Datena, que já era uma opção do PSL, o ex-ministro da Saúde, Henrique Mandetta, e o atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. No entanto, como falado acima, o clima é que o partido não tenha candidatura própria e priorize a votação de deputados no próximo ano. 
 
Canhão na mão
 
Na avaliação desse Interlocutor do União Brasil, o novo partido tem tudo para dominar o processo eleitoral do ano que vem. A sigla terá uma das maiores verbas do fundo eleitoral, algo em torno de R$ 160 milhões em 2022. "É o maior partido do país. Tem um canhão de tempo de rádio e televisão e um canhão do fundo partidário. Agora que direção esse canhão vai apontar não sabemos ainda" garantiu um democrata, ao enfatizar uma notícia boa: "o partido não vai apoiar nem Lula, nem Bolsonaro". 

Jair Bolsonaro 
PP segue indefinido 
 
Mesmo com um canhão na mão, se engana quem pensa que o União Brasil será o maior partido do país.  Segundo gente da nova sigla, quando a janela partidária for aberta, em abril, os bolsonaristas deverão seguir em peso para a nova legenda de Bolsonaro. A percepção é que haverá uma desfiliação em massa. "O PP está se preparando para fazer uma movimentação violenta. Se o Bolsonaro entrar no partido os bolsonaristas vão para lá.  Não vão ficar no União Brasil. Ouvi isso de gente grande do PP.  O próprio André Fufuca já sinaliza isso". 
 
Roberto Jefferson 
 
O PTB na espreita
 
Outro partido que pode abrigar Bolsonaro e seus apoiadores é o PTB, do ex-deputado Roberto Jefferson. Há quem diga, inclusive, que esse é o caminho mais natural, já que no Progressistas há muita resistência para entrada dos bolsonaristas. Há estados, como a Bahia, em que esse movimento de verticalização e veto ao PT travam o processo. Já no PTB, os caminhos estão abertos para o deleite do presidente Bolsonaro e seus apoiadores, que assumirão o controle e terão um partido para chamar de seu.