Vixe! O rugido do Leão não preocupa o PSD. A primeira-dama de olho no social e as muitas promessas de João Roma

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Por Osvaldo Lyra e equipe
29/09/2021 às 07h38
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Foto: Arte: Haron Ribeiro
Foto: Arte: Haron Ribeiro

Muita promessa e pouca obra

O ministro da Cidadania, João Roma, do Republicanos, foi nomeado para o cargo cheio de pompa, com a expectativa de que poderia se constituir como uma terceira via competitiva na Bahia. No entanto, passados mais de seis meses, o ministro coleciona incredulidades e a fama de não pagador de promessas, feitas a futuros e a antigos aliados. De obras concretas, dizem no Democratas, que "nada pode ser colocado na sua conta".

Chega deu saudade de Geddel 

Teve gente ligada à oposição baiana, inclusive, que falou sentir falta do tocador de obras que era Geddel Vieira Lima. Quando atuou como ministro nos governos do PT, o ex-ministro  foi acusado de privilegiar obras e ações para a Bahia, em detrimento dos outros estados. De forma irônica, um integrante do PSDB disse que Roma só tinha cestas básicas para colocar na sua conta. E que nem mesmo o novo programa social do governo, o Auxílio Brasil, será capaz de ajudá-lo, pois, dificilmente será creditado positivamente para ele, "já que não se configura mais como uma política de governo, mas sim, como uma política de estado, sendo internalizado pela população como uma obrigação dos governantes", como definiu o tucano.

A romaria de Roma 

Pelo que se comenta no DEM, a romaria de deputados e prefeitos atrás do ministro João Roma não passa de interesse em manter uma boa relação institucional com o Palácio do Planalto. Por mais que não tenha conseguido ainda viabilizar ações para a Bahia através do seu ministério, ele pode facilitar na interlocução com outros ministros de Bolsonaro. Outro deputado do grupo chega a dizer que, mais perto da eleição, o próprio ACM Neto vai "chamar todos os aliados na chincha" e perguntar em qual time vão jogar. "Ele não aceitará ver os aliados com um pé num barco e o outro no outro". Até porque, o presidente nacional do DEM não gosta nada de ser contrariado, muito menos de ser trocado. 

O termômetro do Recôncavo 

Nem mesmo no Recôncavo baiano, mais especificamente em Cruz das Almas, município onde o prefeito Ednaldo Ribeiro é um forte cabo eleitoral, o ministro João Roma deslancha. Está em quinto lugar, com pouco mais de 1% dos votos, segundo as últimas pesquisas que se tem notícia da região. "Se nem na cidade onde tem um maior nível de conhecimento ele não se destaca, imagina nas cidades mais distantes da Bahia", ironizou ontem um democrata, que já foi ligado ao ministro da Cidadania.

Raissa pode se viabilizar 

Outro deputado do DEM chegou a dizer no fim de semana que Roma não viabilizaria a candidatura ao governo e que, aos 45 segundos do segundo tempo, iria colocar a secretária de Saúde de Porto Seguro, Raissa Soares, como candidata ao governo, para poder cuidar da sua própria candidatura para a Câmara Federal. O aliado de Neto diz que a esposa do ministro, Roberta Roma, teria dificuldade de se viabilizar. Nessa conta de bolsonaristas tentando uma vaga de deputado em Brasília tem ainda o vereador Alexandre Aleluia, o deputado estadual Capitão Alden, além do ex-deputado Severiano Alves, todos com o pé no PTB, provável partido que o presidente tentará a reeleição.

Cenário difícil para 2022 

Políticos de diversos partidos chamaram a atenção nos últimos dias para a dificuldade que o presidente Jair Bolsonaro terá na eleição de 2022. Muito além do antagonismo com o ex-presidente Lula, o que os políticos baianos alertaram é para a dor de cabeça que Bolsonaro terá para estruturar o partido que disputará a reeleição. Como o seu "Aliança pelo Brasil" não vingou e ele não é bem-vindo no PP, o cenário mais provável é que o atual presidente da República mude para o PTB, do ex-deputado federal Roberto Jefferson.

 

De olho no social 

A primeira-dama de Salvador, Rebeca Cardoso, começou a dar sinais de que quer se envolver na área social da cidade. Estudante de medicina, Rebeca estava até agora distante das atividades da prefeitura. No entanto, a primeira-dama começou a se aproximar da vice Ana Paula Matos, que desenvolve projetos na área social do município, apesar de não ser da sua área de atuação, na Secretaria de Governo. O entendimento entre elas fez levantar a suspeita, inclusive, de que poderiam fazer uma dobradinha na eleição do próximo ano, com uma disputando vaga para deputada federal e outra para estadual. A conferir.

 

O rugido do Leão não preocupa o PSD

No núcleo duro do PSD baiano o clima é de tranquilidade sobre a sucessão de 2022. Os principais nomes do partido olham "sem surpresa" a movimentação do vice-governador João Leão, para forçar espaço na chapa majoritária ou assumir interinamente o governo Rui Costa. Para os pessedistas, o rugido do Leão faz parte do enredo estabelecido por ele para a sucessão e não chega a ameaçar. No partido de Otto, o sentimento é que o "Bonitão" grita por não se sentir confortável em ficar fora da chapa majoritária ou diante da impossibilidade de fazer a transição do governo atual.

Otto só disputará o governo ou o Senado 

Nos bastidores da sigla, a única clareza que se tem é que essa definição só acontecerá no próximo ano e que o senador Otto Alencar será candidato ao governo do estado ou ao Senado. No partido, não é cogitada a possibilidade dele disputar a vaga de vice. A orientação, inclusive, é trabalhar para manter a unidade na base e garantir a vitória na próxima eleição. "Em qual posição cada um irá jogar ainda não está definido, mas para vice Dr. Otto não vai não", como disse um deputado da sigla.

 

Lula lá, de olho na força de cá

Quando o ex-presidente Lula esteve na Bahia, no último mês, deixou explícita a importância do senador Otto Alencar para a unidade do grupo. O próprio petista fez questão de ressaltar a lealdade com que o PSD se comporta com o PT baiano. Para fortalecer o projeto nacional de eleger Lula, o consenso entre os partidos da base é que vai ocupar a cabeça de chapa e o Senado quem reunir as melhores condições para isso. Sobretudo, quem ajudar intensamente na vitória do ex-presidente da República.

Os desenhos possíveis 

O desenho mais aceitável hoje é o de Jaques Wagner para o governo e Otto para o Senado. A vice seria indicada pelo Progressistas, com forte possibilidade de ser o ex-deputado Roberto Muniz, ligadíssimo ao deputado Cacá e ao vice-governador João Leão. O outro cenário cogitado, porém, com mais resistências, é com Otto ao governo, Leão ao Senado e um nome do PT na vice. Resta saber se os petistas abririam mão da cabeça de chapa na Bahia. Pelo que conhecemos da política e do PT... E a última possibilidade se dá com o PSD na vice, Wagner ao governo e Rui Costa no Senado, o que não agrada a base, que quer ver o governador finalizando o mandato.

Cada pesquisa mostra um cenário

Diferente das pesquisas encomendadas pelo ex-prefeito ACM Neto, que o coloca na dianteira para o governo na Bahia, as amostragens feitas pelos aliados do PT no estado indicam a queda do democrata quando o cenário indica que o senador Jaques Wagner é o candidato apoiado pelo ex-presidente Lula. Neto, sem apoio de nenhum presidenciável cai, para a alegria dos petistas. Como disseram dois deputados governistas ontem, o cenário é de vitória de Lula e de Wagner, que seria alavancado pelo ex-presidente da República. "Só pra lembrar que a única vez que a Bahia não manteve o alinhamento dos candidatos nacional e estadual foi na última eleição, na qual Rui ganhou aqui e Bolsonaro lá, este, embalado pela facada e pela força das redes sociais".

Otto Filho não aceita a vice 

Várias pessoas já perguntaram ao deputado federal Otto Alencar Filho (PSD) sobre a possibilidade dele ser candidato a vice na chapa a ser encabeçada pelo senador Jaques Wagner no governo e o deslocamento de João ou Cacá Leão para o Senado. Ao ser questionado sobre o assunto, Otto Filho teria afirmado que não faz sentido ele disputar a vaga de vice e tirar da vida pública seu pai, que desempenha um excelente trabalho como senador em Brasília.


Montagem de partidos preocupa

A articulação política do governo do estado estaria com as antenas ligadas, na tentativa de turbinar partidos de sua base para receber deputados estaduais e federais com mandato. Com a manutenção das regras da última eleição, o cenário se complica muito para os parlamentares daqui e de Brasília. Pelo que se comenta no entorno da Governadoria, o governador Rui Costa começa a pensar na montagem de partidos que vão abrigar nomes, como os deputados Samuel Júnior, Alex Santana, Roberto Carlos e Euclides Fernandes, que saíram do PDT.

MDB, PTC e Republicanos na mira 

Um dos caminhos para abrigar os deputados do PL e do PDT é o MDB, controlado na Bahia pelo ex-deputado Lúcio Vieira Lima e presidido por Alexandro Futuca. Outra sigla cogitada para engrossar as fileiras com vistas a 2022 é o PTC, controlado agora pelo deputado estadual Júnior Muniz. Resta saber como a articulação política do governo vai querer conduzir a situação. Há quem diga, até mesmo, que estaria havendo uma paquera entre a cúpula do Republicanos e o núcleo duro do PT. Ex-aliados, eles estariam mantendo conversas sigilosas, com vistas à eleição do próximo ano.