"Temos hoje um processo de privatização às escusas da Petrobras", diz Deyvid Bacelar

O baiano é o Coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros

Por Osvaldo Lyra e Flávio Gomes
20/09/2021 às 08h11
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Foto: Divulgação
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O baiano Deyvid Bacelar, coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, a maior representação da categoria em âmbito nacional, afirmou em entrevista ao editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra, no jornal A Tarde, que o processo de privatização da Petrobras acontece "às escusas" é que a estatal está sendo "desmontada, fatiada, esquartejada e vendida aos pedaços".

"Infelizmente hoje, o que nós temos é um processo de privatização às escusas da Petrobras. A empresa está sendo desmontada, fatiada, esquartejada e vendida aos pedaços. Por sinal, temos questionado isso tanto judicialmente como também dentro do Congresso Nacional, que por sinal, já fez questionamentos através de ações do Supremo Tribunal Federal questionando essas privatizações de ativos, de patrimônios da Petrobras sem ter um processo licitatório transparente e sem passar pelo aval do Congresso, desrespeitando assim o plano nacional de desestatização e desrespeitando também a Constituição Federal Brasileira", afirmou.

"E infelizmente esses ativos dessa empresa, que é patrimônio público brasileiro, estão sendo vendidos a preço de banana, a preço vil, na bacia das almas, principalmente para o capital financeiro internacional. São grandes fundos de investimento, grandes bancos e também petrolíferas nacionais que querem nossos ativos a preço baixo, como estão fazendo agora no governo Bolsonaro", completou.

Crítico do processo de governança da gestão da Petrobras, Deyvid Bacelar ressaltou também que nada mudou no comando da estatal.

"Apesar do governo ter mudado a presidência da Petrobras, tirou o Roberto Castello Branco sinalizando que iria mudar a política de preços dos combustíveis, e colocou o general do exército Silva e Luna para presidir a empresa. Mas nada mudou", disse.

Deyvid disse ainda que a política de preços dos combustíveis continua a mesma.

"Ou seja, atrela os nossos derivados do petróleo ao preço do barril de petróleo do mercado internacional, ao dólar e ao custo logísticos de importação de derivados, mesmo o Brasil sendo autossuficiente em petróleo com mais de 90% do petróleo sendo nacional utilizado nas refinarias, mesmo com o Brasil tendo refinarias para refinar esse petróleo, e mesmo tendo custos nacionalizados. Então mantiveram, por exemplo, o processo da política de preços que hoje onera toda a população", pontuou.

"Mantiveram também nessa gestão esse processo de favorecimento de grupos minoritários, e infelizmente o general Silva e Luna mentiu essa semana na comissão geral na Câmara dos Deputados, quando ele afirmou que a Petrobras, por ser controlada pelo Governo Federal, estava contribuindo mais com o povo, e isso não é verdade. A gestão da Petrobras privilegia setores específicos. Estamos falando de acionistas minoritários, principalmente estrangeiros ligados à bolsa de Nova York, que têm ganhado rios de dinheiro", completou.

Por fim, o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros, explicou que nesse ano de 2021 foram pagos R$42 bilhões via dividendos.

"Desses R$42 bi, R$15 bilhões ficaram com o Governo Federal, com a União. Mas a maior parte, ou seja, R$27 bilhões foram para acionistas minoritários. E quem está pagando essa conta? Quem para essa conta somos nós, brasileiros e brasileiras. Seja o povo que está comprando gasolina, diesel, gás de cozinha, sejam os empresários, inclusive do polo petroquímico de Camaçari que estão pagando muito mais caro pelos derivados de petróleo, para favorecer acionistas da bolsa de Nova York", finalizou.