Dossiê aponta ligação do 'Gabinete paralelo' com Prevent Senior

Documento em posse da CPI da Covid aponta que conselheiros informais de Bolsonaro atuaram em parceria com operadora acusada de ocultar mortes

Por Flávio Gomes
18/09/2021 às 14h15
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Foto: Divulgação
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Um dossiê subscrito por 15 médicos, que afirmam ter trabalhado na operadora de saúde Prevent Senior, aponta que o chamado "gabinete paralelo" do Palácio do Planalto não só tinha conhecimento, como acompanhava de perto das práticas ilegais da empresa, além das denúncias sobre a ocultação de mortes ocorridas durante testes com pacientes.  O documento foi revelado pela Globo News.

O "gabinete paralelo" trata-se de um grupo de especialistas que assessoravam informalmente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante a pandemia, muitas vezes contrariando orientações do Ministério da Saúde.

De acordo com o dossiê, que está em posse da CPI da Covid, a diretoria da operadora "fez um pacto com o gabinete paralelo" para livrar a Prevent de ataques. A empresa foi criticada publicamente pelo ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta em março do ano passado, depois que foi registrado um grande número de mortes num hospital administrado pela Prevent em São Paulo.

Em nota, a operadora repudiou as denúncias e negou as afirmações contidas no dossiê apresentado por uma advogada que representa o grupo de médicos.

Ainda segundo o documento, uma das principais integrantes do gabinete paralelo, a oncologista Nise Yamaguche, comparecia à sede da operadora para "alinhar os tratamentos precoces" e chegou a assessorar pacientes internados considerados "especiais pelo governo".

O dossiê entregue aos senadores mostra uma mensagem em um aplicativo de bate-papo (por onde todas as instruções eram repassadas aos médicos) na qual o diretor da Prevent Sênior Fernando Oikawa anunciou, em 25 de março de 2020, um protocolo e pediu para que os pacientes não fossem avisados.