"O turismo é a palavra chave dessa recuperação", afirma empresário sobre economia de Porto Seguro

Lucas Moura espera voltar a ter dinheiro em caixa no próximo Verão, quando um maior número de pessoas vacinadas devem dar gás ao turismo

Por Francisco Artur e Priscila Dórea
09/09/2021 às 15h04
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Foto: Divulgação
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Há quase quatro anos com o restaurante Desfrutte - e três meses com o self-service Desfrutte -, em Porto Seguro, o empresário Lucas Moura tem sentido no bolso o impacto que a pandemia causou nos empreendedores. O turismo, que move toda a economia da cidade, tem se recuperado aos poucos, mas a carteira dos turistas não está tão cheia quanto antes.

"Não tem sobrado dinheiro para reinvestir, só manter. Mas temos uma perspectiva boa com a vacinação, já que assim as pessoas vão voltar aos restaurantes. No entanto, o aumento constante do preço dos alimentos tem sido um problema, pois não conseguimos alinhar esses valores com o preço de nosso produto. Imagine mudar o valor no cardápio toda semana da mesma forma que os produtos nas prateleiras? Não tem como", explica.

Em entrevista ao Portal M!, Lucas Moura comenta que precisa fazer a manutenção dos preços para os clientes por pelo menos um ano, e só então reajustar os valores. "E isso prejudica muito na hora de trabalhar", desabafa.

Com a chegada dos meses de dezembro, janeiro e fevereiro, período em que grande parte da população vai estar imunizada, Moura torce para que o turismo volte com força e ele consiga extrair dinheiro da empresa, algo que não faz há quase um ano e seis meses.

Foto: Fachada do restaurante Desfrutte/Divulgação

"O turismo é a palavra chave dessa recuperação. Porto Seguro é uma cidade turística, então qualquer pessoa que trabalhe aqui tem que ter uma participação no turismo. Todos os preços de Porto giram em torno do turismo. Se eu pago um aluguel de tantos mil reais, esse valor seria pelo menos 50% mais barato em uma cidade não turística. Todo o valor de consumo aqui é no valor de turismo. Então tenho que trabalhar com esse preço e ter o retorno no valor dele também", explica.

Desfrutte e Desfrutte

Criado em 2017, o primeiro Desfrutte nasceu como um restaurante/lanchonete focado em comida saudável e fitness, tendo como carro-chefe a sua variedade de saladas. Além de sanduíches, baguetes, sucos e prato-feito para o almoço. O negócio avançou bem, com o faturamento do primeiro ano chegando aos 40% e o do segundo alcançando algo perto disso. Então veio a pandemia.

"Vínhamos de um bom verão que nos fez faturar cerca de 50%, mas com o fechamento, em dois meses as reservas da empresa foram praticamente reduzidas a zero. Abrimos o delivery, mas tivemos uma queda por volta de 80% do faturamento, ou até mais que isso. Foi um valor que não chegava a cobrir nem os custos fixos, então foi muito complicado", conta Moura.

O Desfrutte conseguiu manter alguns colaboradores sem perder tanto dinheiro, mas ainda assim estavam "sangrando a empresa". Em agosto de 2020 reabriram as portas, recontrataram alguns funcionários, mas o faturamento ainda continuava baixo.

A volta, explica empresário, tem sido feita aos poucos, com a empresa funcionando apenas para poder se reerguer e refazer o caixa. A oportunidade de abrir o restaurante novo - dessa vez uma unidade do Desfrutte dedicada ao self service -, surgiu a cerca de três meses, quando o Lucas Moura encontrou um bom ponto em Porto Seguro.

"Uma parte crucial para estabelecer um empreendimento é ter um bom ponto para esse negócio. O turismo aqui ainda está baixo, mas há movimento. Os turistas têm ficado mais nos hotéis, que é a recomendação, para não haver aglomeração. Porém, comparado ao ano passado, a diferença é gigantesca. Está bem melhor. Por isso, esperamos que no final de ano volte a ser algo próximo ao que tínhamos antes da pandemia", relata o empresário.

Segurança

Moura conta que além da queda do faturamento com o fechamento na pandemia, um dos temores não apenas dele, mas da maioria dos empresários de Porto Seguro era a segurança, principalmente o aumento dos arrombamentos de lojas.

O restaurante Desfrutte já foi arrombado duas vezes vezes nos seus quase quatro anos de existência. Nenhuma delas foi na pandemia, mas para uma cidade pequena como Porto Seguro, o número é muito alto.

"Não levaram muita coisa, mas nunca deixamos muito para levarem de qualquer forma. Já soube de alguns casos de arrombamentos na mesma rua do meu negócio. Sempre ouvimos pelo menos uma vez por mês. Inclusive alguns na pandemia. Parece pouco, mas são muitos arromabamentos se você considerar o tamanho de Porto, então o que já era alto, continua alto", explica.