Mesmo desgastado, MDB é cortejado por Wagner, Neto e Roma. Lúcio mantém conversa com todos

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Por Osvaldo Lyra e equipe
25/08/2021 às 08h12
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Foto: Arte: Haron Ribeiro
Foto: Arte: Haron Ribeiro

Diálogo mantido com Wagner, Neto e Roma

O ex-deputado Lúcio Vieira Lima (MDB) admitiu para a Coluna Vixe que já sentou para conversar mais de três vezes com o senador Jaques Wagner, do PT, da mesma forma que mantém diálogo constante com o ex-prefeito ACM Neto (DEM) e com o ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos). O emedebista enfatizou que nunca brigou na política e que não tem inimigos, tem adversários. Ele argumenta que os três principais nomes ao governo do estado têm viajado pelos quatro cantos da Bahia, começando a se movimentar e chamar a atenção do eleitorado. Mas que não se sabe ainda "quais as propostas de ACM Neto, o que pensa Jaques Wagner ou o que desenha João Roma para o estado. Não sabemos as propostas de nenhum deles. Portanto, só após a formatação dos seus planos de governo para que possamos definir o rumo a seguir", completou Lúcio, ao afirmar que não há muita diferença na capacidade de gestão de cada postulante.
 


O que a maioria do MDB pensa?
 
Segundo Lúcio, todos os pré-candidatos sempre demonstraram interesse na relação com o partido. No entanto, a escolha levará em consideração o fato de que as siglas priorização a eleição de deputados, sobretudo os federais. "É o deputado federal que vai formar o tempo de cada legenda e o recurso de cada um terá acesso para as próximas eleições", disse ele, ao destacar que isso será colocado como prioridade na hora da montagem da chapa majoritária e a proporcional. Até porque, "o que me deixa triste é ver a forma em que ocorre a política, com uma legislação eleitoral ruim, com mais de 36 partidos, onde não há ideologia, acabando com a percepção de esquerda a direita".  De acordo com Lúcio, as "eleições têm sido personificadas, sem favoritos, o que abre margem para que até outubro de 2022 qualquer candidato possa receber o apoio do MDB.
 
Aonde o MDB planeja chegar
 
O MDB se coloca como um partido desejado, com tempo de TV, um vultuoso fundo partidário, ramificação no interior e musculatura. No entanto, na eleição passada, sob a pressão gerada pela prisão de Geddel e as denúncias contra Lúcio, se viu muitos políticos abandonando o barco e virando as costas para a sigla. O MDB se tornou quase um partido leproso. No entanto, ao abrir as urnas se percebeu que era ainda a quinta maior força política da Bahia, na eleição de vereadores, prefeitos e vices, tendo garantido a vitória ainda, de virada, dos dois prefeitos das duas maiores cidades do interior baiano, Feira de Santana e Vitória da Conquista. "Continuamos a mostrar nossa força na Bahia".

 
Partido quer discutir formação da chapa 
 
Apesar de ser presidido oficialmente por Alessandro Futuca, Lúcio continua comandado o MDB nos bastidores. De acordo com ele, o que se vê são os partidos brigando por espaço na chapa majoritária de ACM Neto. "O PDT quer espaço no Senado ou na vice e tem o apoio do PL para isso. O Republicanos idem. O PSDB quer João Gualberto na vice. Então lhe adianto que se decidirmos marchar com Neto, vamos brigar por espaço na chapa também". Até porque, disse Lúcio, toda a base aliada deve ser chamada para opinar na definição dos espaços. "Essa escolha não pode ser pessoal do candidato ou a imposição do tucanato, sob a justificativa de que são importantes por ter tempo de rádio e TV. "Nos também temos peso e somos estratégicos. Temos tempo de propaganda eleitoral. E mais, na bola dividida, optaremos por quem mais agrega e aglutina, como Félix Júnior ou o próprio Márcio Marinho. E isso, mais que o PSDB", enfatizou. 

 
Geraldo Júnior é aposta para a chapa
 
Presidente da Câmara Municipal e dirigente do partido em Salvador, o vereador Geraldo Júnior é apontado como provável puxador de votos para a Câmara Federal ou como coringa para ocupar um espaço na chapa majoritária, seja na vice ou no Senado. Conhecido pelo poder de articulação e capacidade de dialogar, Geraldinho é a principal aposta do MDB para a majoritária, tendo ainda os nomes dos prefeitos de Itapetinga, Rodrigo Hagge, ou Marcos Vinicius, prefeito de Vera Cruz. "Todos são jovens, com elevada capacidade de gestão, que já foi testada e aprovada. Portanto, são nomes que agregam em qualquer chapa e posição".
 


Lúcio se cala sobre redução de pena
 
O ex-deputado federal Lúcio Vieira Lima, do MDB, evitou tecer comentários sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que derrubou, na segunda-feira (23), a condenação por associação criminosa que havia sido imposta a ele e a seu irmão, o ex-ministro Geddel Vieira Lima. Segundo a decisão, a condenação por lavagem de dinheiro foi mantida, reduzindo a pena de ambos em um ano e meio. "Quando a decisão foi desfavorável eu não comentei. Não é porque agora foi favorável que eu vou abrir a boca para comentar. Vou deixar a cargo do nosso jurídico para fazer todos os recursos necessários para mostrar a minha inocência", enfatizou Lúcio, ao afirmar que respeitará a decisão da Justiça.
 
 
 
 
Novo visual para imitar Lula? 
 
Na antiguidade a barba era um símbolo de honra e poder. Hoje nem tanto, pois popularizou entre os homens de todas as idades, virou modinha. No entanto, segundo o presidente do PT Bahia, Éden Valadares, ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do Democratas, ACM Neto, está deixando a barba crescer não para entrar na moda, "mas para ficar mais parecido com o ex-presidente Lula". Isso, segundo ele, seria fruto da influência do líder petista, que chega à Bahia nesta quarta-feira para intensificar sua relação com a base aliada e atrair a atenção do eleitor baiano. 
 
O efeito Lula e 2022
 
Segundo ironizou Eden, a força política do ex-presidente na Bahia teria motivado o democrata a adotar o novo visual. "Todo mundo sabe quanto as eleições nacionais têm influência no estado e todo mundo sabe o carinho que o povo baiano tem por Lula", disparou o presidente do PT, sugerindo que ficar mais parecido com Lula seria, talvez, uma sacada do democrata na tentativa de angariar votos das viúvas petistas.
 
 

Cenários imprevisíveis e as pesquisas 
 
Faltando tanto tempo para a eleição de 2022, poucos são especialistas em marketing político que se arriscam a cravar palpites certeiros, definitivos. Devido ao cenário atual de total imprevisibilidade, muitos afirmam que as projeções lançadas agora dificilmente se concretizarão. De acordo com o marqueteiro Robson Wagner, que tem em seu portfólio eleições vitoriosas em vários estados e nos quatro cantos da Bahia, os números das pesquisas no cenário atual são muito frios e não reproduzem a vontade do eleitorado. "A campanha não está na rua. O cenário pode mudar. Há tanto tempo da eleição, só conseguimos medir o nível de conhecimento dos candidatos, pois ainda não há intenção do eleitor em votar. Nem o cenário dos próprios candidatos está consolidado", diz Robson ao citar as eleições nacionais e na Bahia. 
 


Oposição deixa Rui confortável
 
A Bahia é um estado onde a política, muitas vezes, parece não seguir a lógica esperada na própria política. Com uma gestão bem avaliada, na casa dos 70%, o governador Rui Costa, do PT, nada de braçada nas ações do seu governo e vê a oposição, muitas vezes, ficar calada ou sendo pouco aguerrida, sem elevar o tom nas críticas, sobretudo, ao mostrar os gargalos e falhas existentes pelos quatro cantos da Bahia. Na Assembleia Legislativa, até mesmo aliados do governo estadual dizem que o acordo estabelecido entre o então ex-prefeito ACM Neto e Rui ano passado repercutiu positivamente no enfrentamento da pandemia, mas pode trazer desdobramentos prejudiciais para os dois lados na política. "A sensação é que há um acordo para manter o PT e o DEM aonde estão", disparou ontem um deputado ligado ao PT, ao analisar a situação. 
 
 

As chances de Dória 
 
Mais dividido do que nunca, o PSDB caminha para o processo interno que irá definir, no próximo dia 21 de novembro, sua candidatura ao Palácio do Planalto na eleição de 2022. Os governadores João Doria (São Paulo), Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), o senador Tasso Jereissati (CE) e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio participam das prévias para escolha do candidato da sigla. No seu entorno, o que se diz é que a vitória de Doria encontra eco no ninho tucano raiz. "O que a gente percebe é que o adversário do João não é nem o Eduardo Leite, mas sim, a tese da não candidatura. Tem membros da bancada federal do partido, principalmente aqueles ligados a Aécio (Neves), que não querem uma candidatura do PSDB. Eles sabem que o candidato pra valer mesmo é o João, que é o candidato determinado e que vai para luta", disse o baiano Antônio Imbassahy.
 
E o povo? 
 
O PSDB tem cerca de 1,3 milhão de filiados no país, sendo 22% - a maior fatia - em São Paulo, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Apesar da animação e a situação confortável para as prévias, existe a necessidade de combinar com as ruas. É sempre bom lembrar que a beleza do sufrágio universal é que o voto do mais simples tem a mesma importância que o voto do mais forte. "As chances são enormes. Temos dados de pesquisa que apontam um crescimento expressivo dele [João] em São Paulo", assegurou Imbassahy. A conferir.  

 
Nem Lula nem Bolsonaro 
 
Na visão de alguns líderes do PSDB, incluindo o ex-deputado baiano Antônio Imbassahy, Doria seria capaz de interpretar o sentimento de milhões de brasileiros que não querem nem Lula nem Bolsonaro. "O nem - nem aqui, isto é muito forte: nem Bolsonaro e nem Lula. A população está procurando alguém que vai pacificar o país e tirar essa divisão que o presidente Bolsonaro estabeleceu. E esse personagem que vai interpretar esse sentimento de nem um nem outro cada vez mais está se mostrando que é o Doria", afirmou o tucano baiano que colocou o governador de São Paulo como o principal nome da terceira via. Será?