ONG internacional registra mais de 1,6 mil declarações falsas ou enganosas de Bolsonaro em relatório

Documento aponta ainda queda no nível de liberdade de expressão no mundo e no Brasil

Por Flávio Gomes
29/07/2021 às 09h09
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Foto: Arquivo Blasting News
Foto: Arquivo Blasting News

A organização não-governamental Artigo 19, existente em noves países, inclusive o Brasil, Apresentou um relatório onde aponta que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) emitiu, somente no ano de 2020, 1.682 declarações falsas ou enganosas.

O documento da ONG, que atua na defesa da liberdade de expressão e acesso a informação, também registrou ataques do presidente à imprensa, apresentando ainda  uma queda no nível de liberdade de expressão no mundo em geral e no Brasil.

Ainda de acordo com o documento, as declarações falsas ou enganosas de Bolsonaro contribuíram para a aumentar o número de casos de Covid-19. A Artigo 19 também fez críticas à falta de transparência nos números da pandemia em alguns países, entre eles o Brasil.

"Em outros casos, a desinformação vem de indivíduos que ocupam posições relevantes geralmente por meio de contas pessoais, em vez de oficiais, nas redes sociais. Esses indivíduos isolados podem ter um grande impacto na disseminação da desinformação. O presidente dos Estados Unidos foi provavelmente o maior impulsionador da 'infodemia' de informações errôneas sobre a COVID-19 em língua inglesa", diz trecho do relatório.

O documento destacou algumas falas de Bolsonaro, como chamar a Covid-19 de "gripezinha", enquanto "promove discursos antivacinas e anti-isolamento, piorando as taxas de infecção e causando uma crise de informação com discursos altamente polarizados".

Desde janeiro de 2019, quando assumiu o cargo e ainda não havia pandemia, Bolsonaro fez 2.187 declarações falsas ou distorcidas.

O levantamento aponta ainda 464 declarações públicas de Bolsonaro, seus ministros ou assessores próximos atacando ou deslegitimando jornalistas.

"Essas atitudes influenciam as autoridades locais e se manifestam em atitudes, assédio e ações judiciais contra jornalistas. Esse nível de agressão pública não era visto desde o fim da ditadura militar. A crescente hostilidade social contra jornalistas e seus efeitos desencorajadores não devem ser subestimados", diz o relatório.

Além disso, houve 254 violações no Brasil contra jornalistas e comunicadores em 2020, das quais 123 perpetradas por agentes públicos e 20 constituindo casos graves, como homicídios, tentativas de homicídio e ameaças de morte.