Cerveja artesanal pode ganhar selo e projeto de exploração turística em Lauro de Freitas

Município busca título de "cidade cervejeira" e já conta com sete unidades de produção 

Por Francisco Artur
23/07/2021 às 16h39
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Foto: Francisco Artur
Foto: Francisco Artur

Município que abriga metade das fábricas de cerveja artesanal na Bahia, Lauro de Freitas pretende criar um selo municipal para a bebida. Um dos entusiastas do projeto, o superintendente de Comércio e Indústria de Lauro, Tuffi Júnior, planeja enviar a matéria à Câmara Municipal nos próximos dois meses.

"Estamos desenvolvendo o texto para enviar à Câmara. Lauro de Freitas é um polo da cerveja artesanal e iremos explorar todo o potencial econômico, cultural e turístico do setor. Neste segundo semestre, a prefeitura trará mais novidades", contou o superintendente da autarquia vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Lauro de Freitas.

Segundo Tuffi Júnior, a criação do selo para cervejas artesanais será um dos primeiros passos do município em relação ao setor nos próximos meses. Ele, que afirma estar em conversas com produtores da bebida na cidade, acrescenta que Lauro de Freitas vem elaborando iniciativas para viabilizar o crescimento do setor.

"Estamos discutindo uma programação de eventos no calendário anual da cidade, além de datas comemorativas em alusão à cerveja artesanal. Todos os planos vão acontecer conforme a retomada econômica na cidade", pontua o gestor.

 


No momento, Lauro de Freitas tem flexibilizado medidas restritivas por meio de decretos municipais. Pela medida, a parte de eventos, por exemplo, só pode comportar 100 pessoas. 

Diálogo

Coordenador do Núcleo da Cerveja Artesanal do Centro da Indústria da Bahia (CIEB) e sócio da cervejaria Feyh Bier, Rodrigo Feyh reconheceu o diálogo entre os empresários do ramo e a prefeitura. A partir da abertura deste canal, o cervejeiro diz acreditar em avanços nas conversas. 

"Nos associamos ao Cieb, da Fieb [Federação das Indústrias], em janeiro deste ano e, desde então, estamos organizados para apresentar tanto à prefeitura como ao estado a nossa agenda. Nós queremos o desenvolvimento do polo das cervejas artesanais em Lauro de Freitas, além de discutir tributações com a prefeitura e o governo estadual", explicou Rodrigo.

Com cinco cervejarias atuantes em Lauro de Freitas associadas ao Núcleo, o sócio da Fyeh Bier também crê em parcerias com o municípios para que o produto cerveja chegue à comunidade local. "A população de Lauro de Freitas precisa saber que há este polo", pregou. 

Participantes do Núcleo, os sócios da cervejaria artesanal 2 de Julho - também localizada em Lauro de Freitas - falam das possibilidades do município "abraçar" as cervejarias. "Nós abraçamos Lauro de Freitas para nos instalar e produzir e, agora, queremos ser abraçados", falou Mário Baqueiro, que divide a sociedade da empresa com Magno Jacobina. 

Conheça o Núcleo:

Emprego e renda

Em visita às fábricas de cerveja artesanal de Lauro de Freitas, a reportagem do Portal M! constatou haver um funcionário na fabricação das bebidas no estabelecimento de Rodrigo [Fyeh Bier]. Já na fábrica 2 de Julho, toda a produção era comandada pelos sócios Mário e Magno.

De fato, constataram os três empresários, pequenas fábricas de cerveja artesanal não são potenciais geradoras de empregos diretos. No estágio atual, as empresas têm o potencial de contratar até duas pessoas para atender a demanda de produção.

"Ainda estamos colhendo os prejuízos da pandemia [da Covid-19]. No momento, não dá para ter funcionários", ponderou Mário, da 2 de Julho.

Ainda sobre a geração de emprego, Rodrigo Feyh calculou que o fortalecimento das pequenas indústrias de cerveja artesanal seria capaz de fomentar uma carteira assinada para cada três mil litros da bebida produzidos no mês. "Isso significa que, em uma produção de 30 mil litros, haveria a necessidade de 10 funcionários em média". 

Cadeia econômica

Apesar de, atualmente, não gerar empregos diretos, os produtores de cerveja artesanal de Lauro de Freitas apontam a participação da distribuição e do consumo da bebida como potenciais fatores de fomento ao trabalho indireto.

"Me refiro a empregos ligados à cadeia de consumo da cerveja artesanal, como os restaurantes e bares especializados. Além disso, com o desenvolvimento do polo em Lauro de Freitas, a cerveja artesanal também poderá gerar empregos na área de turismo", considerou Magno.

Otimismo

A partir do diálogo com o poder público e a flexibilização das medidas restritivas nas cidades de Lauro de Freitas e também de Salvador que os fabricantes de cerveja artesanal creem na recuperação econômica de seus negócios. 

A 2 de Julho, que segundo o sócio Mário costumava produzir até seis mil litros de cerveja por mês antes da pandemia, vem amargando a fabricação de 1,5 litro no período de 30 dias. 

"A história nos ensina que depois da crise temos um boom de recuperação econômica, mas eu não gosto de contar com isso. Acho que, aos poucos, voltaremos a ter eventos e os bares [que vendem cerveja artesanal] vão se recuperar", disse.

A previsão também é corroborada por Rodrigo, da Feyh Bier. Na avaliação dele, o pós-pandemia oferecerá o surgimento de novos bares e iniciativas em prol da cerveja artesanal.

"Há a expectativa da volta econômica bem aquecida nos mercados e nos bares. Da mesma forma que a pandemia fechou alguns bares, outros novos vão abrir e alguns que fecharam também vão conseguir reabrir. O segundo aspecto é a volta de eventos de feira de praça, evento de food truck. São eventos menores e pontuais e que formam uma expectativa boa para o setor", considerou. 

Rodrigo Feyh fala sobre perspectivas para o pós-pandemia: