Cerveja artesanal fomenta história e cultura locais, dizem produtores de Lauro de Freitas 

Município da Região Metropolitana de Salvador é polo de produção e abriga nove fábricas de pequeno porte

Por Francisco Artur
24/07/2021 às 08h20
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Foto: Francisco Artur
Foto: Francisco Artur

Se há 13 mil anos - contam historiadores - o mundo vivenciou profundas mudanças na agricultura com a produção de cerveja no centro do processo, atualmente esta bebida pode estar na linha de frente de uma outra revolução: a do consumo consciente. 

Sócio da cervejaria artesanal Feyh Bier, o empresário Rodrigo Feyh classifica como "um ato revolucionário" o consumo do produto. "É não se curvar àquele estereótipo único que nos foi impostos na sociedade, no sentido que beber cerveja viria com a ideia automática de 'comer água'", explicou.

Longe de pregar a redução na ingestão de álcool, Rodrigo enfatiza ser "muito mais enriquecedor" vincular o consumo de cerveja à cultura local que a envolve, tanto na produção como na distribuição para bares e restaurantes. 

"O que propomos, na Feyh Bier, é uma experiência de consumir a cerveja, refletir sobre como ela foi produzida e harmonizá-la de variadas formas. Esta pluralidade, por exemplo, a cerveja mainstream [de massa] não tem como apresentar porque, diferente da Feyh e de outras cervejas artesanais, elas estão imersas em uma outra lógica de mercado", reflete o empresário.

Rodrigo Feyh discorre sobre aspectos culturais da cerveja artesanal:

Mensagem da 2 de Julho

A pouco mais de 5 km da fábrica Feyh Bier, encontra-se a produção de cervejas artesanais da marca 2 de Julho. Localizada em um galpão próximo ao Kartódromo de Lauro de Freitas, a fábrica dos sócios Mário Baqueiro e Magno Jacobina tem capacidade para produzir cerca de 6 mil litros da bebida por mês. 

Em tom semelhante à narrativa do cervejeiro da Feyh Bier, Mário Baqueiro defende que os rótulos da 2 de Julho representam uma alusão à data em que se comemora a Independência do Brasil na Bahia - no ano de 1823. "Por isso, nosso símbolo é uma cabocla", explicou o empresário.

Embora não sejam os sócios-fundadores da cervejaria, Mário e Magno corroboram e ressignificam a vinculação do nome da marca a um fato histórico intrínseco à formação dos povos baiano e brasileiro.

Assim, rememorar o protagonismo popular no episódio de expulsão das tropas portuguesas do solo baiano, para os sócios da Cervejaria 2 de Julho, vem com um significado de resistência mercadológica, muito similar à ideia de "revolução" defendida pelo produtor da cerveja Feyh. 

"Nossa cerveja busca contar uma história. Estamos em um país com dificuldade de contar a própria história, e nós sentimos muito orgulho de contar a nossa. Nós somos uma pequena cervejaria, lutando contra o império das grandes cervejarias. Estamos tentando lutar contra o império opressor das grandes cervejarias. Nós somos contracultura", pregou Mário.

Ainda de acordo com o cervejeiro, o batismo e a manutenção da marca 2 de Julho representam uma defesa ao retorno do antigo nome do Aeroporto de Salvador - até 1997 denominado de Aeroporto Internacional 2 de Julho.

"Nossa fábrica de cerveja artesanal fica perto do aeroporto, que, para nós, se chama Aeroporto 2 de Julho", reforçou Mário.  

Polo de produção de cervejas

Polo de produção de cervejas artesanais, o município da Região Metropolitana de Salvador abriga sete fábricas de pequeno porte. Por mês, em média, a Feyh Bier produz 6 mil litros de cerveja artesanal.

Segundo o proprietário da empresa, este montante varia a depender da época do ano e das medidas restritivas de combate à pandemia de Covid-19. "Como nossa distribuição é focada em bares e restaurantes, somos prejudicados com a proibição de venda de bebidas alcoólicas no final de semana por conta da pandemia", explicou Rodrigo.  

A 2 de Julho não se difere tanto da Feyh Bier no que tange à fabricação e venda de cervejas artesanais.

Como a cerveja é produzida na 2 de Julho: