Entenda como a masculinidade tóxica impacta nas relações de homens e mulheres

O professor da Ufba, Djalma Thürler, é a personalidade entrevistada no podcast do Portal M!

Por Jones Araújo
25/07/2021 às 15h00
  • Compartilhe
Foto: Caio Lírio
Foto: Caio Lírio

No aniversário de quatro anos da sobrinha, o professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Djalma Thürler, decidiu dar um presente diferente para a garota. No meio de diversas bonecas e brinquedos 'femininos', ele levou um carrinho de controle remoto. 

A atitude chamou bastante atenção na festa infantil. Também foi o presente de que a menina mais gostou. Mesmo ainda sem coordenação motora simples, a pequena, segundo o professor, ficou encantada com o que havia recebido, e isso traz uma reflexão sobre o modo como a sociedade contribui na formação de homens e mulheres. 

"Foi o presente que ela mais tinha gostado. Ela brincou muito com ele porque desperta uma certa adrenalina, dificuldades, o que você acha que as mulheres não teriam interesse", afirma o professor, que integra o Núcleo de Pesquisa e Extensão em Culturas, Gêneros e Sexualidades.  

Nesta entrevista ao Podcast do Portal M!, Djalma diz que a má educação de homens e mulheres contribui muito para a chamada masculinidade tóxica, que pode estar associada a casos de violência doméstica, como o do DJ Ivis, preso recentemente por agredir a companheira. 

De acordo com o professor, a família tem um papel importante para evitar essa má formação, e isso não tem muito a ver com a classe social.

"Cada família vai ter uma forma de organizar esses valores e a formação da criança. Não significa que uma família pobre vai ter mais dificuldade de entender sobre uma definição de masculinidade de que uma família rica. Há diferenças, mas não dá para pensar que alguém rico pode ser menos preconceituosos que pessoas pobres", pontua o especialista.

E até que ponto é correto associar agressividade aos meninos e passividade às meninas? Para Djalma, isso não tem nada a ver com questões biológicas, e sim, culturais.

"Minha perspectiva é cultural. Não acho que tenha sentido falar dessa reação binária através da biologia. Acho que isso é um artefato cultural, acho que nossa sociedade cria essas identidades de forma binária e nós, a sociedade de maneira geral, somos responsáveis pela reafirmação dessa binariedade", explica o pesquisador.

 

Confira o podcast na íntegra: