Quatro em cada dez jovens já pensaram em parar de estudar na pandemia

Pesquisa "Juventudes e a Pandemia do Coronavírus (Covid-19)" ouviu 68 mil jovens de 15 a 29 anos de todo o Brasil

Por Redação
12/06/2021 às 23h30
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Foto: Divulgação
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A pandemia de Covid-19 ameaça a escolaridade de jovens brasileiros. Entre os estudantes matriculados na escola ou universidade que responderam à segunda edição da pesquisa "Juventudes e a Pandemia do Coronavírus (Covid-19)", 43% disseram que já pensaram em parar de estudar desde que suas rotinas foram alteradas pelo coronavírus.

Na primeira onda da mesma consulta, realizada em junho de 2020, esse número era de 28%. O estudo indica ainda que 6% dos jovens trancaram a matrícula. Destes, 56% o fizeram durante a pandemia.

A pesquisa promovida pelo Conselho Nacional da Juventude (CONJUVE), em parceria com Em Movimento, Fundação Roberto Marinho, Mapa Educação, Porvir, Rede Conhecimento Social, Unesco e Visão Mundial, ouviu 68 mil jovens de todo o Brasil, com idade de 15 a 29 anos, entre os dias 22 de março e 16 de abril.

Os principais motivos que levam jovens a interromper os estudos são financeiros (21%) e dificuldades com ensino remoto (14%). Para voltar, gostariam de ter estabilidade sanitária e melhores condições econômicas.

Quase metade dos jovens que interromperam os estudos (47%) disseram que retornariam às aulas se toda a população fosse vacinada, e 36% querem garantia de renda básica ou auxílio emergencial.

Múltiplos desafios
Os desafios dos jovens durante a pandemia não se limitam à sua relação com educação, mas estão interligados em todas as áreas pesquisadas. A preocupação financeira é confirmada quando eles são consultados sobre renda. Com a extinção do auxílio emergencial, aumentou para 38% a proporção de jovens que buscou complementar sua renda por necessidade em 2021 ante 23% em 2020. Entre os jovens pretos esse índice é maior: 47%.

Quem conseguiu ter esse complemento recorreu à informalidade. Entre os 4 a cada 10 que tiveram uma renda, dois fizeram trabalhos pontuais sem carteira assinada e um trabalhou por conta própria ou abriu um negócio.

Para lidar com os efeitos da pandemia no trabalho, no entanto, eles querem apoios para o mercado formal. 25% acreditam que a ação prioritária para instituições públicas e privadas ajudarem jovens é estimular o surgimento de novos trabalhos, 20% querem políticas de renda emergencial para famílias vulneráveis e 20% querem ampliação dos empregos formais.

Saúde física e mental preocupam
Outro apoio importante que os jovens desejam é para lidar com a sua saúde mental. Seis a cada 10 dos jovens consultados relataram ter sentido ansiedade e feito uso exagerado de redes sociais durante a pandemia, enquanto cinco em cada 10 disseram que sentiram exaustão ou cansaço; e 4 a cada 10 tiveram insônia ou distúrbios de peso.

Já um em cada 10 admitiram que chegaram a ter pensamentos suicidas ou de automutilação. Diante desses sentimentos, metade dos jovens considera prioritário garantir atendimento psicológico na saúde pública e 37% acham que esse atendimento deveria acontecer nas escolas.