Venda de licor aquece mercado junino e abre oportunidade de renda extra na pandemia

Além de manter a tradição, para muita gente, a venda da bebida típica nordestina, é uma alternativa para aumentar os ganhos

Por Flávio Gomes
09/06/2021 às 12h24
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Foto: Divulgação
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Pelo segundo ano consecutivo, as festividades juninas foram canceladas por conta da pandemia da Covid-19, o que impacta fortemente no setor produtivo, principalmente no Nordeste, que terá um prejuízo estimado de R$ 1,2 bi, segundo dados do ministro do Turismo, Gilson Machado.

Como alternativa para amenizar, ainda que muito pouco, a crise que gira em torno da cadeia produtiva do São João, famílias apostam na venda de produtos e iguarias típicas da festa, como o licor. Além de manter a tradição, é uma oportunidade de renda extra.

O aperitivo tipicamente nordestino é fabricado artesanalmente, que contém álcool,  açúcar e produtos aromáticos, tais como extratos de plantas e frutas, os destilados destas, sumos de frutas e óleos essenciais.

Com a crise ocasionada pela pandemia, muita gente teve que se reinventar e passou a investir na produção caseira da tradional bebida. As opções são diversas e atendem a todos os tipos de gostos.

Lojinha do Convento - Confeitaria São José

No Convento de Santa Clara do Desterro, localizado no centro antigo da capital baiana, a Confeitaria São José, produz 23 sabores com todo o carinho pelas Irmãs Franciscanas do Sagrado Coração de Jesus.

A irmã Maria Lúcia disse ao Portal M! que a pandemia impactou na queda das vendas.

"No ano passado realmente diminuiu 40% a venda do licor. Neste ano, começamos devagar e não tem muita procura".

Com uma produção considerada como fina e com pouco álcool, o licor das freiras é feito anualmente mas, em alguns casos, podem ser consumido em menor prazo.

"Temos que colocar em infusão durante um ano, mas, dependendo da fruta, pode ser consumido em menor tempo, como o licor de rosas, que tem que ser usada antes de um ano, por conta das pétalas, que não tem conservante".

A Irmã Lúcia disse ainda que a precisou reduzir o número de funcionários e ainda encontrou dificuldade de encontrar vasilhames para engarrafar os licores. Os licores de jenipapo e o de rosas estão entre os mais vendidos.

"Hoje temos 23 sabores à venda e diminuímos a quantidade de funcionários. Tivemos também dificuldade de encontrar vasilhames no mercado. Ainda temos muito de jenipado e de rosas", pontuou.

Os licores estão disponíveis na Lojinha do convento - Confeitaria São José e custam entre R$ 15 e R$ 50.

O valor arrecadado com a venda, além de ser revertido para a manutenção do projeto, é voltado para um projeto social realizado pelo convento, através de aulas de corte e costura, violão, confeitaria, entre outros. Para mais informações: 2203-4015 / 71 99681-1711.

Licor de Café

A pedagoga Dirce Oliveira, também sentiu o impacto da pandemia. Desempregada há um ano, a moradora do município de Catu, iniciou a produção há oito anos, quando seu ex-marido ficou desempregado.

"Comecei sozinha há 8 anos. Meu ex-marido ficou desempregado e tivemos que nos reinventar produzindo o licor, que foi ganhando fama  aqui na cidade", disse ao Portal M!.

Antes da pandemia, Dirce produzia cerca de 200 litros da bebida e hoje a produção caiu pela metade.

"Em 2020 vendi cerca de 100 litros. A expectativa desse ano está melhor. Procurei alternativas de divulgação e no próximo domingo, dia de Santo Antônio, quando inicia os festejos juninos, vou promover uma live com uma forrozeira de região, para influenciar as pessoas a comprarem o licor", ressaltou.

Com a produção à todo vapor, Dirce ressaltou ainda que, apesar de estar em Catu, os interessados de Salvador também podem adquirir os produtos.

"Comercializo o ano todo, mas durante as festas produzo outros sabores, principalmente o de paçoca, que faz parte de um cardápio especial", finalizou.

Segundo Dirce, o litro do licor de café ou o de paçoca custa R$ 20. Já os demais custam R$ 15 e o contato para os interessados é o 71 9 97206476.

Licor da Marly

O licor de D. Marly surgiu em 1991 na cidade de Itaberaba, produzido exclusivamente por mulheres. Com a fama conquistada através de reportagens de TV e na distribuição para o Forró de Bell Marques, as vendas tiveram uma queda em 2020, mas segue em forte produção neste ano.

O médico Vitor Ribeiro, filho de Marly, disse ao Portal M! que desde o início do mês de maio que as vendas retomaram com força total.

"Começamos a ter o aumento de vendas do nosso licor no mês de maio. O licor deixou de ser uma bebida de festa típica para ser uma bebida nordestina com outra personalidade. E o objetivo de nossa marca é vender o Nordeste, com a sensação de que o licor faz parte da nossa cultura", disse.

Vitor disse ainda que a expectativa é aumentar ainda mais.

"Tenho quase a certeza, porque a procura está sendo muito maior que no ano passado. Os mercados também começaram a comprar mais e as pessoas sempre andam nos mercados e a nossa expectativa é que aumentem ainda mais", pontuou.

O licor de Marly está disponível nas cidades de Itaberaba, Rui Barbosa, Salvador e agora também em Aracajú/SE.

O cardápio possui diversos sabores, desde os finos até os tradicionais. O litro dos sabores tradicionais custa R$ 20. Já os cremosos especiais custam R$ 35 e os cremosos R$ 22.

Interessados podem procurar Olga no 71 9 9289-8993.