Artigo: Ubiratan D'Ambrosio e a Bahia, à baiana

Por Olenêva Sanches Sousa*

Por Olenêva Sanches Sousa*
08/06/2021 às 08h00
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Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Ubiratan D'Ambrosio, cientista e educador brasileiro, faleceu no último dia 12 de maio, 88 anos, deixando herança pessoal e intelectual à humanidade, à Bahia.

Prezo referências de fé, mas, nessas histórias sobre Ubiratan e a Bahia, de 2006 pra cá, prefiro "contar o milagre, mas não dizer o santo", com uma exceção. 

Em 2006, Ubiratan expôs "Educação e Transdisciplinaridade" nos 60 anos UFBA. Convidei-o para uma entrevista na EAD de licenciandos. Posteriormente, a exibição foi vetada. Dizem as más línguas que pontos do discurso, como ideais de paz, mostravam seu desejo de ser líder religioso. Pasmem! Internacionalmente, o emérito da UNICAMP estava no Movimento Pugwash, quando recebeu o Nobel da Paz.

Em 2010, foram duas conferências na Bahia. No X Encontro Nacional de Educação Matemática, da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM), da qual era presidente de honra, caía uma chuva torrencial. Fomos do Centro de Convenções da Bahia à Pedra Furada apreciar a bela vista noturna da Baía de Todos os Santos, tira-gosto, caipirinha. A outra, nos 10 anos do Programa de Pós-Graduação em Ensino, Filosofia e História das Ciências, UFBA-UEFS. Uma nota de pesar menciona suas interlocuções com o programa e contribuição na sua constituição. Neste ano, Ubiratan soube da "baiana da geleia", que inspirou um quadro (2013) dedicado aos doces interlocutores. 

Em 2014, indicou-me um livro que me levou ao reencontro com Herval Pina Ribeiro, baiano, história à parte.

Em 2016, eu e três professoras reunimo-nos para criar um grupo na Bahia. Formalizado em 2018, o Grupo Interdisciplinar de Ensino e Pesquisa em Etnomatemática, ligado à UNILAB, é coordenado por uma das baianas. No 5º Congresso Brasileiro de Etnomatemática, fui eleita coordenadora da Red Internacional de Etnomatemática no Brasil e assumi, também, a regional Nordeste. Criamos a comunidade EtnoMatemaTicas Brasis. Em 2018, fui reeleita no 6º Congresso Internacional de Etnomatemática.

Da Bahia, em 2019, com participação de Ubiratan, surgem o projeto internacional Virtual Etnomatemática Brasil (VEm Brasil) e suas ações, como o e-Almanaque EtnoMatemaTicas Brasis, em 2020, e seu Encontro de Autores, em janeiro/2021; os parceiros Matemática Humanista e IFPI-Angical. Com a pandemia, trabalhávamos virtualmente. Na Bahia, mediei sua conferência em seminário da SEC-BA/SBEM-BA. Em fevereiro/2021, uno-me a dois parceiros para a organização de um tributo internacional, ora em vida e em memória, para outubro/2021.

Muitas ideias trocadas! Fica o compromisso de contribuir para efetivas difusão do pensamento de Ubiratan D'Ambrosio e consolidação do Programa Etnomatemática, suas pesquisas e implicações pedagógicas. Não esquecerei um bom tempero baiano para realçar o sabor dos princípios etnomatemáticos.

* Olenêva Sanches Sousa
Amiga pessoal de Ubiratan, mestra em Educação, doutora em Educação Matemática, coordenadora da Red Internacional de Etnomatemática no Brasil (RedINET-Brasil)
oleneva.sanches@gmail.com

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