Vice-presidente da ACB critica machismo estrutural após depoimento de médica em CPI

Para Rosemma Maluf, constantes interrupções a Nise Yamaguchi representam ridicularização do gênero feminino

Por Yuri Abreu
03/06/2021 às 09h35
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Foto: Reprodução/Fecomércio-BA
Foto: Reprodução/Fecomércio-BA

A vice-presidente da Associação Comercial da Bahia (ACB), Rosemma Maluf, usou as redes sociais, nesta quinta-feira (3), para tecer críticas ao machismo estrutural na sociedade brasileira, algo que para ela é considerado cultural e normalizado por décadas.

O julgamento da dirigente, que já foi secretária na gestão do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, veio após ao depoimento da médica Nise Yamaguchi, defensora da cloroquina no tratamento contra o novo coronavírus, à CPI da Covid, no Senado. Em diversas ocasiões (pelo menos 43 vezes), a especialista foi interrompida pelos parlamentares, o que suscitou discussões sobre o tratamento dado as mulheres na sociedade.

"Sem fazer 'juízo de valor' sobre a CPI da Pandemia gostaria de colocar que , infelizmente, nós mulheres sermos interrompidas ou ridicularizadas é rotina no nosso cotidiano e acontece em todas as áreas da nossa vida. Seja em uma CPI, no espaço acadêmico, no mercado de trabalho, nos relacionamentos amorosos ou no ambiente familiar", iniciou.

No texto, Rosemma citou ainda que existem quatro comportamentos machistas que são utilizados para calar a voz da mulher e que, desses, pelo menos dois foram utilizados contra a médica: o mansplaining e o manterrupting.

"Os dois termos são primos e podem ou não andarem juntos. O 'mansplaining' acontece quando um homem explica coisas óbvias à mulher, muitas vezes com um tom paternalista, como se ela não fosse intelectualmente capaz de entender algo. O 'manterrupting' acontece quando homens interrompem falas de mulheres. Essas são algumas das maneiras de calar a voz da mulher, mesmo em assuntos que elas dominam!!", explicou a vice-presidente da ACB.