'O Estado precisa repensar as atitudes contra a população negra', diz liderança do Movimento Negro Unificado

Para Raimundo Bujão, caso de tio e sobrinho mortos após furto de carne no Atakarejo não deve ficar somente nas páginas policiais

Por Yuri Abreu
04/05/2021 às 09h29
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Foto: Rodrigo de Castro/Arquivo CAA
Foto: Rodrigo de Castro/Arquivo CAA

Um dos líderes do Movimento Negro Unificado (MNU) na Bahia, o filósofo Raimundo Bujão, espera que o caso Bruno e Yan Barros - tio e sobrinho mortos após furto de carne no supermercado Atakarejo, no Nordeste de Amaralina, no último dia 26 de abril - não fique restrito apenas nas páginas policiais.

Segundo ele, é preciso que o Estado repense as atitudes dele contra a população negra. O primeiro passo para isso é um encontro entre os familiares de Bruno e Yan, nesta terça-feira (4), com o deputado estadual Jacó (PT), que é presidente da Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública da AL-BA (Assembleia Legislativa da Bahia).

"Casos como esses vêm sendo constantemente naturalizados. É preciso encerrar essa política de se matar a população negra. É necessária também uma agenda de atividades que envolvam a sociedade neste sentido. São muitas vidas ceifadas e a certeza da impunidade", disse Bujão, em entrevista ao Portal M!, nesta terça-feira (5).

Ainda conforme a liderança, também é preciso, neste momento, preservar à família de Bruno e Yan que está fragilizada. Além disso, que o movimento negro discuta movimentos unificados e que a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) veja nesse caso como um exemplo de uma mudança de resposta nas abordagens.

"Dentre os crimes que acontecem na Bahia, nem 10% chegam a ter investigação", afirmou Bujão.