Associação das Profissionais do Sexo na Bahia pede socorro e critica invisibilidade junto aos poderes públicos na pandemia
'Parece que colocaram uma venda para não nos exnergar', diz Fátima Medeiros
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Uma das profissões mais antigas da história, a prostituição, também não passou ilesa pela pandemia do novo coronavírus. E, nesse momento difícil, a Associação das Profissionais do Sexo da Bahia (Aprosba) vem tentando ajudar a essas trabalhadoras que vem passando necessidades até severas com a queda brusca na quantidade de clientes que procuram os serviços oferecidos por elas.
"A situação é muito complicada. Apesar do uso de máscaras e álcool gel, além de passar o máximo de informação possíveis, esse vírus traicoeiro parece que veio para acabar com o mundo. Ainda temos uma vacinação que acontece de maneira devagar. Uma dos profissionais informais que mais tem sido prejudicado são as do sexo. Muitas nem receberam a primeira parcela do auxílio emergencial", lamentou Fátima Medeiros, coordenadora e fundadora da associação em entrevista ao podcast do Portal M!.
Para tentar amenizar os transtornos, a instituição que existe há mais de 20 anos vem fazendo vaquinhas na internet e campanhas, no intuito de pedir a doação de alimentos, produtos de higiene e limpeza.
Mesmo assim, segundo ela, as ações não tem sido suficentes. Ao todo, são cerca de 800 profissionais do ramo em todo o estado e pelo menos 40% das que procuraram a entidade receberam o auxílio emergencial.
"Ainda somos invisíveis, mesmo que Salvador esteja entre os primeiros lugares do país em número de profissionais dos sexo. Desde [o prefeito] João Henrique, ninguém olha para as trabalhadores sexuais. Somos mesmo invisiveis. Eles colocaram uma venda para não nos exnergar", disse ela.
Demandas
Conforme Fátima Medeiros, as dificuldades maiores tem sido enfrentadas por aquelas profissionais que são filiadas a Aprosba, há mais de 20 anos, que não tem tanto cohecimento dos meios digitais como as mais jovens, que possuem certa demanda de clientes no ambiente virtual.
Questionada sobre o que pediria ao governador Rui Costa (PT) ou ao prefeito Bruno Reis (DEM) com relação das demandas prioritárias, Fátima foi direta na resposta: "Ia pedir socorro, comida na mesa. Muitas dessas profissionais tem filhos. Eu pediria alimento e moradoria. Elas estão necessitadas e eu nunca vi chegar numa situação tão difícil. Se eu tivesse essa possibilidade, seria pelo menos por liberar cestas básicas e até mesmo inclusão nos benefícios", disse a coordenadora e fundadora da associação.
*Confira o podcast com Fátima Medeiros, coordenadora e fundadora da Aprosba, clicando no player abaixo: