Homens que tiveram Covid-19 têm risco três vezes maior de desenvolver disfunção erétil

De acordo com especialistas, desenvolvimento de fibroses pulmonares, desequilíbrio nos níveis de testosterona, entre outros sintomas, podem desencadear o problema

Por Redação
21/04/2021 às 10h14
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Foto: Reprodução (via: Correio Braziliense)
Foto: Reprodução (via: Correio Braziliense)

Além de afetar diversos órgãos, como pulmões e rins, assim como os sistemas cardiovascular e neurológico, a Covid-19 virou o pesadelo de muitos homens por também provocar, em alguns deles, a tão temida disfunção erétil.

Artigos científicos já que relacionam o problema com a doença, mas é no dia-a-dia das clínicas dos urologistas que a situação tem sido vista na prática. Baixa oxigenação sanguínea causada pelo desenvolvimento de fibroses pulmonares, desequilíbrio nos níveis de testosterona e estresse psicológico são alguns dos fatores que relacionam o novo coronavírus à impotência sexual masculina.

De acordo com os estudos desenvolvidos por especialistas italianos da Universidade de Roma, que avaliaram pessoas do gênero masculino com idade média de 33 anos, apontaram que os homens que já foram infectados pelo Sars-CoV-2 têm um risco três vezes maior de desenvolver disfunção erétil.

Entre os pacientes estudados, 28%  relataram baixo desempenho sexual comparativamente aos 9% dos que não tiveram covid-19 e apresentaram o mesmo problema. 

O relatório, publicado na revista Andrology, destacou que o novo coronavírus tem tendência a provocar inflamações no endotélio (revestimento dos vasos sanguíneos) e que, como as artérias que irrigam os órgãos genitais são pequenas e estreitas, qualquer inflamação pode interromper o fluxo sanguíneo, aumentando a probabilidade de impotência sexual.

De acordo com o urologista baiano Marcos Leal, integrante do Robótica Bahia  - Assistência Multidisciplinar em Cirurgia, um dos principais fatores que explicam a relação entre covid-19 e disfunção erétil é "a inter-inflamação causada pela tempestade de citocinas que levam ao desenvolvimento de microtromboses e coagulação intravascular disseminada". 

"Além disso, o SARS-CoV-2 causa inflamação no endotélio, tecido responsável por regular a contração e o relaxamento dos vasos sanguíneos", frisou o especialista.

Essas alterações podem estar associadas ao desenvolvimento de disfunção erétil em pacientes que se recuperam da doença, sobretudo em adultos com idade mais avançada.

Grupo de risco

Estudos preliminares apontam, ainda, que os homens que correm mais risco de ter complicações sérias decorrentes da covid-19 são aqueles mais propensos à disfunção erétil: mais velhos, diabéticos, com problemas cardiovasculares, acima do peso ou obesos e com diversas comorbidades. 

A incapacidade de iniciar ou manter uma ereção que caracteriza a disfunção erétil atinge cerca de 100 milhões de homens em todo o mundo. No Brasil, o problema afeta cerca de 50% da população masculina, com maior incidência naqueles que passaram dos 40 anos.

"A melhor forma de prevenir as sequelas de longo prazo da covid-19 é não se contaminar com o vírus", alertou Leal.