"A situação da cadeia produtiva do São João é dramática, tenho amigos sofrendo muito", avalia Adelmário Coelho

Convidado do podcast do Portal M!, o grande forrozeiro falou sobre os impactos do cancelamento das festas juninas no setor produtivo 

Por Flávio Gomes
15/04/2021 às 09h55
  • Compartilhe
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação

Pelo segundo ano consecutivo, as festividades juninas deverão ser suspensas em todo o Brasil, em decorrência da pandemia da Covid-19, sobretudo na Região Nordeste, berço cultural do evento e região economicamente mais impactada com o cancelamento.

Reconhecido como um dos maiores cantores de Forró do Brasil e por representar a autêntica música nordestina, o cantor Adelmário Coelho lamentou ao Portal M!, os prejuízos que mais um cancelamento têm causado na cadeia produtiva.

"Quando você pensa na prática desse impacto, além das vidas, é imensurável, na condição dramática dessa cadeia produtiva, que representa mais de 5 milhões de pessoas, do show business, desse entretenimento, ao comércio que estão impactadas desde o surgimento desse vírus", disse.

"Veja o que é gerado dentro dessa cadeia produtiva. Do comércio aos profissionais do entretenimento que circulam nesses 417 municípios", completou.

Adelmário também avaliou a situação dos profissionais e familiares que dependem deste período para sobreviver.

"Temos colegas e amigos sofrendo muito, passando por situações nunca vistas em nossas vidas. Eu tinha 40 pessoas ligadas ao meu trabalho. Muitas famílias foram impactadas, porque cessou toda a produtividade e nos tornamos impotentes para produzirmos em função da prioridade pela vida deles. Vou pelo caminho da ciência e é um caminho que devemos seguir", pontuou.

O cantor baiano, natural de Barro Vermelho, localizado no distrito de Curaçá, ressaltou também que a festa junina "é um momento cultural marcante para todos nós".

"O São João tem o regionalismo nordestino e nosso mercado que é um dos melhores do Brasil. A Bahia com seus 417 municípios, que gera muito mais oportunidades com essa demanda da nossa tradição, que a festa junina é um momento cultural marcante para todos nós", ressaltou.

Cancelamentos

O município de Camaçari foi o primeiro da Bahia a anunciar oficialmente o cancelamento das festividades. Fora do estado, a prefeitura de Caruru, em Pernambuco, também cancelou a tradicional festa, local no qual Adelmário Coelho também contribui com seu talento.

"Sempre participo de Caruaru e Campina grande. O maior momento financeiro para o forrozeiro é o mês de junho. Por mais que trabalhemos para quebrar essa sazonalidade, o São João é a época a qual você se capitaliza".

A solução para manter viva a cultura nordestina neste período é proporcionar os shows através de lives, transmitidos nas redes sociais, ferramenta que ajudou muitos artistas em 2020.

"Inegavelmente é o nosso caminho. Tenho feito no meu canal do Youtube o conteúdo que geramos com as lives e vamos esperar que o momento não esteja tão dramático como agora", afirmou.

"Eu mesmo sou um dos que me sinto desestimulados para fazer as lives com esse número elevado de pessoas sendo atingidas pela Covid-19. Fica muito difícil. É um trabalho, mas é um trabalho que fomenta alegria, eu tinha uma live agora que era uma reedição em homenagem a tradição a vaquejada e foi cancelada devido a esse momento", pontuou.

"Se Deus quiser, quando essa curva descer, em junho será nossa alternativa de se comunicar com o nosso público", completou.

Para o próximo ano, a expectativa para o forrozeiro baiano é de esperança.

"A expectativa é de esperança. Ainda vamos passar por um perrengue grande e o uso da máscara se estende por anos ainda. A vacina te imuniza por uma relatividade e dá um conforto para não ter nada mais grave, mas evidentemente que a palavra é de esperança e fé em Deus", finalizou.


Confira a entrevista na íntegra abaixo: