MPF diz que Ministério da Saúde esperou agravamento da crise no AM para transferir pacientes

Ação por improbidade foi apresentada na última quarta-feira (14)

Por Redação
15/04/2021 às 09h04
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Foto: Rebeca Beatriz/G1
Foto: Rebeca Beatriz/G1

Um inquérito conduzido pelo Ministério Público Federal (MPF) no Amazonas sobre o caos no sistema de saúde em janeiro deste ano mostrou que o Ministério da Saúde e o Governo do Estado sabiam da necessidade de transferir pacientes graves por conta do recrudescimento da pandemia de Covid-19, mas optaram por esperar o agravamento da crise para começar a transferir pacientes para outros estados.

De acordo com o jornal O Globo, documentos apontam que , no dia 12 de janeiro, a pasta já sabia que seria preciso fazer as movimentações, mas o ministério só iniciou a elaboração de um plano de evacuação após doentes morrerem por asfixia pela falta de oxigênio hospitalar.

A apuração conduzida pelo órgão resultou em uma ação por improbidade administrativa contra o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e outras cinco pessoas, entre elas o secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campelo. Eles são acusados de omissão ao terem retardado o início de ações que poderiam ter debelado a crise no sistema de saúde do Amazonas no início do ano.

Entre os dias 5 de 8 de janeiro, os dados epidemiológicos do Amazonas já indicavam que havia filas de espera por leitos clínicos e de UTI para pacientes com Covid-19. Desde dezembro, o número de novos casos e hospitalizações pela doença vinha crescendo de forma acelerada.

Em reunião realizada no dia 12 de janeiro, entre representantes do governo do Amazonas e da Força Nacional de Saúde (FNS), a necessidade de transferência foi mencionada. Naquele momento, havia pelo menos 66 pacientes na fila de espera por um leito.

A ata da reunião indica que já havia conversas com uma empresa de transporte aéreo que havia dado sinal positivo para transferir os pacientes para Goiás, mas que a decisão de fazê-lo era do estado do Amazonas. 

Ao final da reunião, a deliberação feita por agentes do Amazonas e do governo federal é de que a transferência só seria feita em situação "extremamente crítica". Naquele mesmo dia, 166 pessoas haviam morrido pela Covid-19 no estado.