"O feminismo é negro", decreta militante do movimento feminista e advogada

Para Raquel Dortas, somente após a emancipação real das mulheres negras é que se dará uma mudança social para todas as mulheres

Por Francisco Artur e Yuri Abreu
15/03/2021 às 14h15
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Foto: Equipe M!
Foto: Equipe M!

Com 13 anos exercendo a advocacia, Raquel Dortas, 35 anos, se considera militante do movimento feminista que luta em prol dos interesses e direitos de meninas e mulheres, especialmente as mães. 

Em entrevista ao podcast do Portal M! especial do Mês da Mulher, Raquel, que é componente da Comissões da Mulher Advogada da seção Bahia da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-BA), afirma que somente a partir da emancipação da mulher negra é que poderá ser percebida uma real mudança de todas as mulheres assim como a toda sociedade. "O feminismo é negro", decreta. 

"Só com a emancipação real das mulheres negras é que poderemos vislumbrar o início de uma real mudança para todas as mulheres", completa Raquel. Para a advogada, ainda há uma falta de sensibilidade de algumas feministas brancas para as demandas das negras. "Algumas feministas deixaram historicamente de defender algumas pautas relevantes das mulheres negras por causa da escravidão", dá como exemplo. 

"O feminismo pode contribuir para a libertação das mulheres", pontua Raquel. Para ela, não existe mulheres machistas e, sim, aquelas que reproduzem o comportamento machista."A mulher não tem qualquer privilégio ao ser machista, por isso não pode ser considerada assim", explica.

Ela convida, inclusive, os homens para colaborarem com essa luta, buscando o máximo de conhecimento possível sobre o assunto e "abrindo mão dos seus privilégios."

Na entrevista, Raquel se diz contra a chamada Teoria Queer, que afirma que a orientação sexual e a identidade sexual ou de gênero dos indivíduos são o resultado de uma construção social. A especialista aponta que esse tipo de discurso tem sido imposto até mesmo pela esquerda no país.

"Sou totalmente contra o discurso transativista. A teoria queer é um tipo de discurso que está sendo imposto em vários espaços e até mesmo pela esquerda, como espécie de teoria absolutista, onde todos têm que necessariamente compactuar com ele, sem qualquer chance de questionamento. Essa é uma perspectiva que apaga a realidade material das mulheres", critica.

Ainda durante a entrevista, a advogada pontuou diversos assuntos que abarcam o feminismo como um todo, como a vertente liberal do movimento que até mesmo sabota as próprias mulheres, não sendo comprometido com os interesses delas. 

Confira na íntegra o podcast com a advogada Raquel Dortas, militante do movimento feminista, clicando no player abaixo: