"Tem feministas que não apoiam as causas das mulheres trans", afirma Bianca Novaes

A cantora é a personalidade entrevistada no podcast do  Portal M!

Por Jones Araújo
11/03/2021 às 08h53
  • Compartilhe
Foto: Equipe M!
Foto: Equipe M!

Se a luta das mulheres é grande e há ainda muito a conquistar, os desafios para as mulheres trans são ainda maiores.  De acordo com a cantora lírica trans, Bianca Novaes, há vitórias, mas não a ponto de serem comemoradas. A artista baiana é a personalidade entrevista no podcast do Portal M!, em comemoração ao mês das mulheres. 

Na avaliação de Bianca, o feminicídio continua muito alto, o mercado de trabalho é difícil para as mulheres transexuais e não há união entre mulheres cis e trans. "Não existe [união]. Tem mulheres que lutam nas causas feministas e não apoiam as causas das mulheres trans", afirma. 

"Atualmente nós mulheres trans somos jogadas nas cenas da prostituição, o mercado de trabalho é muito difícil e apesar das pequenas mudanças somos excluídas diariamente. Já recebi inúmeros "nãos" de uma empresa que disse estar contratando trans e não foi por falta de capacidade. Era por causa da minha identidade de gênero. Existe uma mentira, de que estão acolhendo, que abriu vagas, é mentira! É para não ficar feio [empresário] na sociedade", critica Bianca. 

O Brasil é o país que mais mata trans e travestis. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e transexuais, em 2020, houve um crescimento de 90% do número de ocorrências registradas em comparação ao mesmo período de 2019. Por outro lado, não podemos esquecer que este mesmo país é um dos que mais consome pornográfica trans, para a cantora isso é uma hipocrisia.  

"É um país hipócrita. É assim: a noite pode, de dia não. Acontece comigo. Por mais que as pessoas me julguem passável eu ainda sofro muito preconceito. De dia "olha o traveco" a noite é outra história. Os homens consomem o material pornográfico, mas ao mesmo tempo eles matam.. É um machismo!", desabafa.  

Neste momento, a baiana está no Rio de Janeiro fazendo parte de um teatro musical, ela fez uma análise do cenário da pandemia. "Está tudo caminhando muito devagar. Há uma série de coisas de proteção e acaba atrasando tudo. Perdemos espaços e patrocínio, eu como cantora tinha [trabalhos] marcados, só que não é prioridade. Estamos sobrevivendo na esperança de dias melhores", finaliza.   

Escute o podcast na íntegra abaixo: