Cambista lamenta cancelamento do Carnaval em 2021: 'afetou toda uma cadeia de trabalho'

Jonas Assunção costumava ganhar mais de R$ 5 mil apenas somente com a folia de Momo

Por Francisco Artur e Yuri Abreu
13/02/2021 às 19h20
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Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal

O cancelamento do Carnaval de 2021 afetou principalmente àquelas pessoas que, por muitas vezes, tem no festejo a principal fonte de renda. Um dos que sentiu o peso da decisão tomada pelo poder público foi o cambista Jonas Assunção, de 47 anos, que desde 2004 atua na venda de ingressos e abadás para eventos.

"Depois do último Carnaval, tudo ficou mais difícil. Ainda teve mais alguns eventos depois da folia, mas com a pandemia acabou tudo. Quem tinha sua reserva, ainda conseguiu segurar, mas não foi pra todo mundo. Estou espalhando currículos para ver se consigo voltar a trabalhar na minha área, mas até agora não recebi propostas", disse ele, trabalhou como manobrista antes de virar cambista.

Até 2020, segundo ele, a rotina era basicamente ir até o Aeroclube, local onde geralmente é montada uma feira de venda de abadás para blocos e camarotes. Era lá que vinham os mais de R$ 5 mil que ele costumava ganhar com os negócios realizados. Na parte da tarde, início da noite, o destino era outro: o Jardim Brasil, na Barra, onde encontrava com aqueles foliões que decidiam comprar em cima da hora, bem próximo do horário de saída dos trios ou da abertura dos camarotes.

"O valor que a gente recebia variava de acordo com que você investe. Esse valor que eu tirava era somente com o Carnaval. Pois, desde novembro, quando começavam as festas, a gente já ganha dinheiro, principalmente com as micaretas espalhadas pelo Brasil. Além disso, tinham as festas de réveillon privadas, os ensaios de verão. Era com esse dinheiro que a gente fazia o nosso investimento para o Carnaval", afirma.

Agora, de acordo com ele, a expectativa é a de que os tempos melhorem para que, em 2022, não apenas a atividade dele como a de outros que dependem do Carnaval para sobreviver possa ser retomada.

"[O cancelamento] afetou toda uma cadeia de trabalho. Todo mundo saiu perdendo. Muitos de nós, por exemplo, só esperam o lançamento dos abadás de blocos e camarotes para adquirir. Eu costumo dizer que não sou cambista, mas investidor. Espero realmente que essa situação melhore logo", disse Jonas Assunção.