Às vésperas do Enem, estudantes demonstram receio quanto ao desempenho e saúde

Prefeito Bruno Reis diz ser contra realização do Exame, mas pondera decisão do Governo Federal

Por Francisco Artur
15/01/2021 às 17h40
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Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

A decisão de manter as datas das provas presenciais do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) para este domingo (17) e no próximo dia 24, foi um contrassenso do Ministério da Saúde, na avaliação da estudante Bruna Duarte.

Aos 17 anos, Bruna e outros alunos secundários corroboram a ideia de que a realização de avaliações presenciais no contexto em que o país contabiliza mais 200 mil mortes por Covid-19 é uma "hipocrisia" do governo federal.

"Hipocrisia por dois fatores: o primeiro é que ainda estamos em pandemia e o outro é que o MEC fez uma enquete no meio do ano passado e os inscritos no Enem votaram para que a prova fosse adiada para maio deste ano", protesta Bruna, citando o resultado da enquete feita pelo Ministério da Educação, em julho de 2020.

Mesmo com a divergência em relação ao calendário do Enem, a jovem candidata a uma vaga no curso de Medicina manteve a rotina de estudo. "Foquei mais nas matérias que tenho dificuldade, como as de exatas. Fiz alguns simulados da prova do Enem e acompanhei aulas online", contou. 

O posicionamento da estudante Fernanda Gomes, 17 anos, é similar. Ela é contra a realização da prova neste mês de janeiro. "Desde a primeira vez que a prova foi adiada isso afetou o estudo daqueles que estavam se preparando", afirma. Ela contudo, garante que manteve o ritmo mesmo durante a pandemia. "Mesmo tendo sido um ano letivo atípico não parei de estudar", afirma. 

Confiança e medo


Assim como Bruna e Fernanda, o estudante Caio Esteves, de 16 anos, afirmou ser a favor do adiamento das datas do Enem e relatou estar com receio de a crise sanitária prejudicar seu desempenho na prova.

A apreensão por fazer uma prova presencial em meio à pandemia também aflige o estudante Gabriel Rocha, 17 anos. "Impossível não ficar mais preocupado e ter a confiança um pouco abalada", confessou.

Embora não seja nem contra, tampouco favorável à realização do Exame neste domingo, o estudante disse temer que os jovens acabem contaminando pessoas do grupo de risco. 

Bruno Reis é contra 

Diante do cenário de segunda onda da Covid-19 em Salvador, o prefeito da cidade, Bruno Reis (DEM), afirmou ser contra a realização das provas do Enem nos próximos dias de domingo.

Apesar de sua posição divergente ao Governo Federal, Bruno Reis avalia que o governo federal deve ter alguma 'justificativa lógica" para manutenção das provas. 

"Eu sou contra que ele fosse realizado agora, neste momento; mas é o governo federal a quem cabe realizar e ele apresenta uma série de justificativas, dentre as quais a operacionalização [da prova]. Ouvi ontem um debate da realização no Amazonas, do Enem, em regiões inclusive de difícil acesso em que foram encaminhadas as provas, que já estão lá e que eles alegam que já selecionaram as pessoas e que suspender neste momento, da parte logística, operacional e principalmente da aplicação de recursos públicos, seria uma dificuldade maior para o governo federal", ponderou o gestor.

. "O governo federal tomou a decisão de manter o Enem e eu, aqui de fora, sem estar de posse, do conhecimento de todos os dados, a priori, eu sou contra; mas se o governo federal está insistindo é porque alguma justificativa lógica ele deve ter" disse Bruno Reis.