Por suspeita de candidatas laranjas, Democratas de Camaçari ajuíza ação contra PP e PSB

Partido também protocolou representação no MPE em que solicita investigação de crimes de fraude nas cotas de gênero

Por Yuri Abreu
21/12/2020 às 09h01
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Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil
Foto: Fábio Pozzebom/Agência Brasil

Nesta segunda-feira (21), o diretório municipal do partido Democratas em Camçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS), ajuizou uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral (AIJE) contra os diretórios de PP e PSB na cidade por suspeita de terem cometido crimes eleitorais por meio de "candidaturas laranjas" de mulheres na disputa pela Câmara nas eleições deste ano.

A suspeita é que as mulheres foram incluídas nas chapas das duas siglas para que fosse obtida a cota mínima de 30% de candidaturas femininas, como exige a Lei Eleitoral. Isso beneficiaria os partidos a colocarem mais homens na disputa. De acordo com trecho da AIJE, a prática "configura-se crime de desvio de verba pública". 

O Progressistas teve 20 candidatos, dentre eles 11 mulheres. Duas candidatas pepistas, por exemplo, receberam um e dois votos. "Das 11 mulheres, quatro, nitidamente, constam com seus respectivos Registros de Candidaturas voltados unicamente para preenchimento das cotas de gênero. Tal percepção é nítida, haja vista que essas não empenharam esforços necessários para difusão de suas propostas (natural do pleito eletivo), não divulgaram com a mínima amplitude seus nomes e números de urnas e, sequer propagaram atos de campanha nas redes sociais", informa a AIJE.

O PSB, por sua vez, teve 32 candidatos, sendo 10 mulheres. Da mesma forma, não houve por parte de algumas delas esforços para que conquistassem vitória no pleito. Uma candidata do PSB, por exemplo, teve apenas dois votos e recebeu R$ 2 mil do partido para a campanha. Outra, teve três votos e recebeu R$ 2,2 mil. 

Além disso, o Democratas de Camaçari também protocolou uma representação no Ministério Público Eleitoral (MPE) solicitando a investigação de crimes de fraude nas eleições por candidaturas fictícias para manobra da cota de gênero, que é de 30% do total de postulantes da chapa proporcional.

A instituição, por sua vez, pediu a abertura de inquérito à Polícia Federal para apuração das acusações feitas pelo Democratas. PP e PSB elegeram um vereador cada e têm entre suas candidaturas mulheres que obtiveram apenas um ou dois votos, mas receberam recursos do fundo eleitoral. O Democratas quer a impugnação das chapas de ambas as legendas.