ARTIGO: As lições do serviço público  

Por Maria Oscarlinda Beda Loureiro*
17/12/2020 às 08h00
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Foto: Divulgação
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Serviço público, equipes de trabalho, cultura administrativa e política, transição de governos. Uma pergunta que volta e meia permeia as rodas que circundam o poder é o porquê de tantos funcionários públicos serem dispensados de suas funções após as mudanças de gestões, em todas as esferas. Seja na municipal, estadual ou federal, homens e mulheres são substituídos, muitas vezes, sem sequer serem previamente informados. Em muitos casos a violência é tão brutal que os trabalhadores são informados pelo Diário Oficial.

Mas por que isso acontece? O que leva os novos governantes e mandatários a deletarem ações, funções e pessoas, como se não houvesse um trabalho prévio que se possa levar em consideração? Eu mesma trabalhei por mais de 40 anos em órgãos públicos na Bahia e agora paro e faço uma revisão histórica das minhas diversas funções, exercidas com integridade, honestidade e afinco. Hoje, aposentada, me orgulho de ter passado pelas inúmeras gestões, de todas as ideologias, transitando sempre por todos os polos do poder. 

Demorei a entender, mas compreendi que a cada mudança era preciso começar de novo, era preciso dizer adeus a quem foi prestando os melhores serviços para quem viria e queria também os melhores serviços. Neste momento descobri que, com a diversidade dos interesses políticos, me encontrava sempre diante da obrigação do exercício de novas mudanças, que nem sempre eram aquelas que me permitiriam o conforto de prosseguir no meu trabalho e na execução das tarefas até então colocadas como prioritárias. 

Hoje, amadurecida, vejo que passam os governos mas fica a vontade de acertar, de empreender boas ações que beneficiem a população. Diante disso, deixo como dica para governos e governantes que criem mecanismos de especialização, nos diversos ramos da atividade administrativa-governamental, de forma estruturada, em um quadro de carreira como acontece com outras formações profissionais. Que não haja tanta descontinuidade e que a população seja colocada sempre no topo da prioridade dos projetos e ações. 

*Maria Oscarlinda Beda Loureiro é servidora aposentada do Estado.

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