ARTIGO: Para onde vai ACM Neto em 2022?

Por Rodrigo Daniel Silva*
08/12/2020 às 08h00
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Foto: Acervo pessoal
Foto: Acervo pessoal

Amigos, o cientista político Paulo Fábio Dantas Neto observou que na Bahia desde 1962 os candidatos a governador, que foram eleitos, tiveram o apoio do presidente da República. Na última eleição geral, em 2018, no entanto, o governador Rui Costa quebrou o tabu. O petista conseguiu se reeleger com uma votação histórica, mesmo com um adversário político no Palácio do Planalto, Michel Temer. O último caso semelhante havia acontecido há sessenta anos. Em 1958, Juracy Magalhães venceu José de Freitas, cuja candidatura tinha o suporte de Juscelino Kubitschek.

É verdade que Rui teve habilidade política para manter o grupo unido naquela eleição, mas contou com uma boa dose de sorte. A alta impopularidade de Temer o impediu de ter maior participação na escolha dos eleitores baianos. Temer sequer se atreveu a apoiar um nome na Bahia. A dúvida que há hoje é, se em 2022, vamos repetir o último pleito estadual, com um presidente da República rejeitado e que não interveio na eleição do estado, ou o cenário eleitoral será como os anteriores a 2018. 

A oscilação da popularidade de Jair Bolsonaro é um dificultador para prever qual será a paisagem eleitoral daqui a dois anos. O mais natural seria que ACM Neto tivesse o apoio do atual presidente na disputa pelo governo. Todavia, a maioria dos baianos tem reprovado o mandatário do Planalto, e um eventual aval pode trazer mais prejuízos do que lucros. Neto declarou apoio a Bolsonaro em 2018 após pressão dos aliados. Foi um aceno aos correligionários, que estavam revoltados após o prefeito soteropolitano decidir não ser candidato ao Palácio de Ondina naquele ano. Além disso, Neto optou por não ter um adversário político no Planalto, como seria se Fernando Haddad vencesse. Esta decisão pode, inclusive, custar um preço político no horizonte. 

Desta vez, Neto não tem descartado a possibilidade de dar alicerce a reeleição de Bolsonaro. Especula-se, até mesmo, que a ministra Tereza Cristina pode compor a chapa como vice. Entretanto, três outras possibilidades parecem agradar mais a ACM Neto neste momento: lançar candidatura própria da sua sigla, apoiar Ciro Gomes ou João Doria. Se ficar ao lado de Doria, o DEM poderá conquistar o governo de São Paulo com Rodrigo Garcia, e administrar o maior estado do país seria um grande negócio para um partido com sonhos ambiciosos. Por outro lado, ao articular para que o PDT ficasse com a vice na chapa de Bruno Reis, o prefeito se aproximou ainda mais dos pedetistas e sinalizou uma possível aliança presidencial. Ciro parece hoje um candidato muito mais viável do que o tucano paulista, por já ter um recall e maior carisma. Demais disso, navega com muito mais facilidade por mares da esquerda, centro e até de uma centro-direita. 

Mas, se Neto optar por Ciro, Doria permitirá que o PSDB apoie a candidatura dele ao governo da Bahia? Fica a questão. A última opção de ACM Neto é não escolher nem Ciro nem "BolsoDoria", e ter um candidato próprio do DEM. Há tempos, o democrata namora o apresentador da TV Globo, Luciano Huck, que estaria decidido a entrar na corrida eleitoral de 2022. Caso consiga atrair o artista para a sigla, o mais provável é que Neto invista todas as fichas no global. Com forte capital de visibilidade, Huck projetaria a legenda, que não sabe o que é ter um postulante ao Planalto desde 1989 quando Aureliano Chaves foi candidato pelo ainda PFL. A emissora deu prazo de até março de 2021 para Huck avisar se estará ou não na briga eleitoral. A decisão dele será o primeiro passo para compreendermos o caminho de ACM Neto. Até lá, teremos que esperar para montar o quebra-cabeça eleitoral de 2022.

*Rodrigo Daniel Silva é jornalista, repórter na Tribuna. É mestrando em Comunicação pela Universidade Federal da Bahia (Ufba).

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