Desmatamento na Amazônia bate novo recorde e cresce 9,5% em um ano

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais aponta que a área derrubada, de 11 mil km², foi a maior da útlima década

Por Redação
01/12/2020 às 00h00
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Foto: Reprodução/Ciclo Vivo
Foto: Reprodução/Ciclo Vivo

A área desmatada na Amazônia foi de 11.088 km² entre agosto de 2019 e julho de 2020, de acordo com números oficiais do Governo Federal divulgados nesta segunda-feira (30) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

De acordo com o órgão, trata-se de um aumento de 9,5% em relação ao período anterior (agosto de 2018 a julho de 2019), que registrou 10.129 km² de área desmatada.

É a maior área desde 2008, quando 12.911 km² foram desmatados. O Pará concentra quase metade do desmatamento na atual temporada. 

 

Intenção x realidade

O número mostra que a gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, não conseguiu cumprir a intenção anunciada no ano passado. Sem citar meta, Salles disse que pretendia eliminar o desmatamento ilegal através de "estratégias".

Especialistas ouvidos pelo G1 apontam que o quadro não surpreende diante da postura adotada pelo governo para lidar com a questão amazônica.

Eles listam os problemas: enfraquecimento da atuação do Ibama na fiscalização; facilitação da exportação de madeira ilegal; empresas cobram a redução do desmate para manter negócios com o Brasil; governo apostou na presença do Exército, embora operação seja mais cara do que a presença dos fiscais, e também incentivou a ação de garimpeiros na região; por fim, entre outros pontos, mantém paralisados R$ 2,9 bilhões do  Fundo Amazônia antes usados também em ações de fiscalização.

 

Foco da fiscalização

Em evento na sede do Inpe, o vice-presidente Hamilton Mourão, que preside o Conselho da Amazônia, disse que o combate ao desmatamento com o emprego das Forças Armadas começou "atrasado", mas ele defende que surtiu efeito, já que as estimativas indicavam aumento de 20% e o número ficou em 9,5%.

"Não é nada para comemorar, muito pelo contrário. O nosso estado final desejado é não ter mais desmatamento ilegal em hipótese alguma dentro da Amazônia", afirmou Mourão.

O vice disse ainda ter clareza de onde é preciso concentrar esforços. "É importante que todos tenham consciência [de] que o desmatamento ocorre primordialmente em quatro estados da Amazônia (Pará, Mato Grosso, Amazonas, e Rondônia). Eles são responsáveis por 85%. (...) Temos consciência de qual é a área que devemos atuar".

Mourão admitiu que há falta de fiscais e que os militares da Operação Verde Brasil 2 não podem realizar autuações.

"É nítido e notório que as nossas agências de fiscalização sofreram redução de pessoal como todas as agências. É uma discussão que nós temos dentro do governo, de contratar mais gente. As Forças Armadas não realizam a fiscalização. Elas propiciam o apoio logístico", disse o vice-presidente.

O ministro Ricardo Salles não participou da apresentação dos dados.

 

* Com informações do Portal G1.