"O povo cansou da Covid, mas a Covid não cansou do povo", alerta Roberto Badaró

Embora faltem mais de 20 dias para o início oficial do Verão, em 21 de dezembro, os soteropolitanos já estão animados para curtir as praias e os longos dias de sol ao ar livre. 

O problema é que a vacina contra Covid-19 não deverá estar disponível durante a alta estação, e a pandemia ainda atinge parcela considerável da população, com risco de descontrole da taxa de ocupação dos hospitais por causa do aumento dos casos da doença.

Diante da real possibilidade de haver uma segunda onda de contaminações em pleno Verão, o infectologista Roberto Badaró, diretor do Hospital Espanhol, ressalta a necessidade de manter o autocuidado, por meio do distanciamento social e do uso constante de máscara.

"Sim, o povo cansou da Covid, mas a Covid não cansou do povo. Sobre as medidas de prevenção ao vírus, não vai precisar inventar mais nada. É seguir utilizando máscaras e manter o distanciamento social sempre", afirmou o médico.

A infectologista Jacy Andrade, da Universidade Federal da Bahia (Ufba), reforça:  "A gente vê que há muitas pessoas em aglomeração, sem máscaras,  isso é muito preocupante. É fato que há um certo cansaço da população, mas ainda precisamos manter os cuidados e seguir os protocolos determinados pelas secretarias de Saúde do estado e município", disse Jacy.

Leitos reativados
Dentre as medidas dos órgãos governamentais para evitar as consequências de uma segunda onda da pandemia na capital baiana, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) vem reativando leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para tratamento de pacientes com Covid-19.  

Dentro dessa lógica, o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), afirmou, na sexta-feira (27), que enviará à Câmara Municipal um projeto de lei para permitir a reativação dos leitos de UTI de tal forma que a taxa de ocupação máxima permaneça em 60%. 

A taxa atual, de acordo com o boletim de sexta da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), é de 61%. Hoje, Salvador tem 696 leitos clínicos e de UTI para atender pacientes contaminados com o novo coronavírus. 

Foco na economia
Ao comentar a estratégia do poder público para combater a chegada da segunda onda da doença, o infectologista Roberto Badaró rechaçou a ideia de voltar a fechar as atividades econômicas, como ocorreu entre os meses de março e agosto. 

"Seria uma decisão contraditória [fechar comércio]. Antes das eleições, eles [governo e prefeitura] não falaram nada e, agora, iriam mandar o povo voltar para casa. Não faria sentido algum", argumentou o médico.