'Minha esperança é a de que as vacinas cheguem o mais breve possível', afirma diretor técnico do Laboratório Jaime Cerqueira

Para Bruno Cerqueira, eventos com formação de aglomerações, neste fim de ano, deveriam ser evitados por conta da covid-19

Por Yuri Abreu
26/11/2020 às 19h09
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Foto: Divulgação
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O diretor técnico do Laboratório Jaime Cerqueira, Bruno Cerqueira, também vive a expectativa pela chegada da vacina contra a covid-19 - ele espera que isso ocorra a partir do mês de março do próximo ano. Por isso, em entrevista ao podcast do Portal M!, o especialista acredita que, neste fim de ano e no início de 2021, eventos que provam aglomerações devam ser evitados, para não haver um aumento ainda maior na quantidade de casos do novo coronavírus.

"Se nós entrarmos nos mesmos festejos que foram as eleições, os números não vão cair, como foi em julho e agosto, e vão se manter em dezembro, janeiro e fevereiro. Ou nós vamos entender que em alguns setores nós vamos ter que dar uma segurada - principalmente àqueles que exigem uma aglomeração para que eles aconteçam - ou vamos manter a infecção pela covid durante um tempo mais prolongado. A minha esperança é a de que as vacina chegue o mais breve possível", disse Bruno, em conversa com o editor-chefe do Portal M!, Osvaldo Lyra.

"Os resultados são extremamente animadores. Me parece que em março de 2021 é que nós teremos as vacinas em massa. Acho que nesse momento é que seria o ideal para que essas atividades começassem a retornar. Deveríamos utilizar essa aglomeração que aconteceu nas eleições como exemplo e muita cautela para os próximos eventos. Do contrário, nós vamos ter aumento no número de casos", alertou o especialista.

Imunização em massa

Questionado acerca da imunização em massa da população assim que houver vacina disponível, Bruno Cerqueira evitou falar em prazos, destacando as dificuldades para a aquisição de insumos e o acondicionamento do produto durante o transporte pelas diversas regiões.

"Será que vai ter agulha, será que vai ter seringa pra todo mundo? Os insumos para os testes eles faltam até hoje, mesmo com oito meses de pandemia, imagine os insumos para uma vacina que precisa de um transporte a -80ºC. Não vai ser fácil esse processo de aplicação, de imunização. Pelo contrário, vai ser um esquema de guerra. Mas, talvez seja a única saída de a gente, ao ter contato com esse vírus atenuado e responder a ele. Aí sim vamos conseguir ter uma população segura contra o Sars-Cov-2", afirmou.

Em sentido oposto, com relação a imunidade de rebanho, ele acredita que essa melhoria da maior parte da população levaria um pouco mais de tempo, ainda mais se a vacina demorasse a ser produzida.

"Se nós aguardarmos apenas o contato, vai demorar não apenas um ano, mas um poquinho mais. O contato natural de toda a população com o vírus e uma resposta geral à ele não é tão fácil, nem tão rápida, mesmo com toda essa aglomeração. O que vai favorecer esse processo de imunização em massa é somente a vacina vai dar esse respaldo. Nós não estamos ainda entendendo a covid. Estamos computando. Não sabemos quantas doses serão necessárias para a imunização efeitva, e não sabemos se elas serão anuais por conta de mutações que esse vírus possa vir a ter. Temos que torcer que a vacina venha e apresente segurança", disse.