Primeira brasileira eleita para presidir Tribunal da ONU diz que tem como principal objetivo 'abrir caminhos'

Martha Schmidt trabalha na 3ª Vara do Trabalho de Juiz de Fora, interior de Minas Gerais

Por Redação
22/11/2020 às 13h28
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Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Com uma bagagem de mais de quase duas décadas na magistratura e experiências de mestrado e doutorado na França, a juíza brasileira Martha Schmidt passou na seleção como a candidata mais votada em uma seleção para quatro vagas abertas no Tribunal de Apelações da Organização Mundial das Nações Unidas (ONU), no ano de 2015, se tornou a primeira brasileira a ocupar uma das sete cadeiras na Corte.

Em entrevista ao jornal Estado de S.Paulo, ela contou como descobriu o processo seletivo. "Foi pelo perfil de um juiz colega meu que, na época, era diretor de assuntos internacionais da Associação dos Magistrados Brasileiros. Eu vi aquela notícia: 'ONU seleciona juízes para seus tribunais internos' e fui conferir no site", contou. "Era aquilo mesmo, só que as inscrições fechavam três dias depois. Então foi uma loucura", completou.

Depois de quatro anos como juíza do Tribunal de Apelação, a magistrada está prestes a assumir a presidência da Corte. O mandado começa em 1º de janeiro de 2021 e vai até o final do mesmo ano. "Na presidência, eu quero tentar honrar essa tradição brasileira de boa diplomacia, com gentileza, com respeitabilidade, com honestidade, com boa-fé, que é a marca de diplomacia brasileira", planeja.

O Tribunal de Apelação da ONU tem como atribuição julgar, em segunda instância, causas trabalhistas e administrativas envolvendo funcionários e colaboradores da entidade. O sistema foi concebido para tornar mais transparente, independente e profissional o sistema de administração de justiça da ONU e para atender aos quadros da organização, que tem imunidade de jurisdição, ou seja, não se submete à Justiça de nenhum país.

Na Corte internacional, Martha tem mandato até 2023, sem possibilidade de renovação. Segundo a juíza, o maior desejo dela é inspirar outros brasileiros que tenham vontade de construir uma carreira internacional.

"Eu espero que a minha atuação lá sirva para abrir caminho para outros brasileiros, latinoamericanos e, de modo geral, de países em desenvolvimento. Claro que tem toda uma trajetória, toda uma carreira pretérita que embasa e dá legitimidade para a candidatura. Mas se o meu percurso puder servir de inspiração para outras candidaturas eu vou ficar bem feliz. Esse é o meu objetivo: abrir caminhos", afirmou.