Quase 7 milhões de teste para Covid-19 podem ser jogados fora por causa do prazo de validade

Exames para a covid-19 estão armazenados em Guarulhos; Ministério da Saúde e Estados fazem jogo de empurra

Por Yuri Abreu
22/11/2020 às 14h24
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Foto: Felipe Oliveira
Foto: Felipe Oliveira

Um total de 6,86 milhões de testes para o diagnóstico do novo coronavírus, comprados pelo Ministério da Saúde, podem ser jogados fora uma vez que a validade dos equipamentos se encerra entre dezembro deste ano e janeiro de 2021. 

De acordo o jornal Estado de S.Paulo, esses exames, do tipo RT-PCR, padrão ouro na identificação da doença, estão estocados num armazém do Governo Federal em Guarulhos e, até hoje, não foram distribuídos para a rede pública. Para se ter ideia, o SUS aplicou cinco milhões de testes deste tipo.

Ao todo, a Saúde investiu R$ 764,5 milhões em testes e as unidades para vencer custaram R$ 290 milhões - o lote encalhado tem validade de oito meses. Por outro lado, a responsabilidade pelo prejuízo virou um jogo de empurra entre a pasta, de um lado, e Estados e municípios, de outro.

Isso porque a compra é feita pelo governo federal, mas a distribuição só ocorre mediante demanda dos governadores e prefeitos. Enquanto um diz que sua parte se resume a comprar, os outros alegam que o governo entregou material incompleto, falta de capacidade para processar as amostras e de liderança do ministério nesse processo.

Ainda conforma e publicação paulista, os dados sobre o prazo de validade dos testes em estoque estão registrados em documentos internos do ministério, com compilação de dados até o último dia 19. Relatórios acessados pelo Estadão indicam que 96% dos 7,15 milhões dos exames encalhados vencem em dezembro e janeiro. O restante, até março. 

O Ministério já pediu ao fabricante análise para prorrogar a validade dos produtos. A falta de outros componentes para realizar testes, um dos problemas que travam o fluxo de distribuição, porém, deve continuar.