No G20, Bolsonaro diz que tensões entre raças no Brasil são importadas e 'alheias à nossa história'

Discurso ocorre em meio a protestos contra a morte de João Alberto, em Porto Alegre. Ele não citou o caso e disse haver 'interesses' na tensão racial no país

Por Redação
21/11/2020 às 16h49
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Foto: Marcos Corrêa/PR
Foto: Marcos Corrêa/PR

Em discurso na reunião virtual de cúpula do G20, realizada neste sábado (21), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou que "há tentativas de importar" para o Brasil "tensões" raciais que são "alheias à nossa história". As informações são do G1.

A declaração ocorre em meio a protestos contra o racismo em várias cidades do país depois que o soldador João Alberto Silveira Freitas, cidadão negro de 40 anos, foi espancado e morto em uma unidade do supermercado Carrefour em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Ele foi enterrado neste sábado.

O discurso do chefe do Executivo brasileiro não foi transmitido pelo G20, mas disponibilizado pelo Palácio do Planalto no final da manhã de hoje. O presidente iniciou a sua fala tratando da questão racial, mas não citou o caso de João Alberto.

"Quero fazer uma rápida defesa do caráter nacional brasileiro em face das tentativas de importar para o nosso território tensões alheias à nossa história. O Brasil tem uma cultura diversa, única entre as nações. Somos um povo miscigenado. Brancos, negros e índios edificaram o corpo e o espírito de um povo rico e maravilhoso. Em uma única família brasileira podemos contemplar uma diversidade maior do que países inteiros", afirmou o presidente.

De acordo com Bolsonaro, a miscigenação "foi a essência" do brasileiro que "conquistou a simpatia do mundo." Para ele, entretanto, "há quem queira destruí-la, e colocar em seu lugar o conflito, o ressentimento, o ódio e a divisão entre raças, sempre mascarados de 'luta por igualdade' ou 'justiça social". Segundo o presidente, "tudo" isso é feito "em busca de poder".

Na sequência, ele admitiu que  "não somos perfeitos" [os brasileiros] e que "temos, sim, os nossos problemas." Mas apontou que "existem diversos interesses para que se criem tensões entre nós". "Um povo unido é um povo soberano. Dividido é vulnerável. E um povo vulnerável pode ser mais facilmente controlado e subjugado. Nossa liberdade é inegociável", disse o presidente.