Segunda onda de Covid-19 avança na Rússia e Incertezas pairam em torno da vacina Sputnik V

O país ultrapassou a marca de 1,5 milhão de casos e pelo menos 26.269 mortes

Por Flávio Gomes
28/10/2020 às 10h59
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Foto: Divulgação
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Uma segunda onda de Covid-19 chegou à Rússia, com um número recorde de novas infecções e mortes. O país ultrapassou a marca de 1,5 milhão de casos e pelo menos 26.269 mortes, embora especialistas já tenham levantado dúvidas sobre os métodos de contagem russos.

A vacina, chamada Sputnik V, está longe de estar amplamente disponível para o público em geral. Em agosto, o presidente Vladimir Putin trouxe esperança ao revelar o que disse ser a primeira vacina contra o novo coronavírus registrada no planeta, destinada a aproximar a Rússia do fim da devastadora pandemia.

A Rússia aprovou a vacina depois de experimentá-la em várias dezenas de indivíduos em um estudo não cego (sem envolver placebos) e antes dos testes de fase 3, que são fundamentais para estabelecer a segurança e eficácia de um, imunizante. A falta de evidências trouxe ceticismo da comunidade internacional e acusações de que a Rússia poderia ter se precipitado.

Alexander Gintsburg, chefe do Instituto Gamaleya, que desenvolveu a vacina, disse à CNN que 17.000 pessoas participaram dos testes de fase 3, mas reconheceu que apenas 6.000 até agora receberam as duas doses necessárias para completar a vacinação.

Especialistas internacionais em virologia lançam dúvidas sobre as alegações russas de segurança comprovada.

"As pessoas que foram imunizadas com esta vacina não saberão se estarão protegidas ou desenvolverão uma doença grave até que encontrem o vírus", disse Konstantin Chumakov, um importante virologista da Global Virus Network, à CNN.

"E para fazer isso, você precisa imunizar muitas pessoas e apenas esperar até que sejam infectadas e ver se terão uma incidência menor ou se terão uma doença mais grave. Não há simplesmente nada que possa substituir os ensaios clínicos".