Bahia deve ter 3,6 mil novos casos de câncer de mama em 2020, segundo Inca

Mastologista alerta para queda de 50% no número de mamografias feitas em 2020 durante a pandemia da Covid-19, de acordo com o Ministério da Saúde

Por Redação
16/10/2020 às 16h08
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Foto: Divulgação
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Por conta da pandemia de Covid-19, foi de 50% a queda no número de mamografias realizadas até julho de 2020 na rede pública de saúde em relação a 2019 e 2018. Os dados são do Ministério da Saúde, que registra 1,1 milhão de exames em 2020 contra 2,1 milhões nos anteriores. E como estima o Instituto Nacional do Câncer (Inca), serão 66.280 novos casos em 2020 no Brasil, com mais de 17 mil mortes, incluindo homens (1% dos casos). Na Bahia, a projeção aponta 3.460 novos casos de câncer de mama, sendo 1.180 em Salvador.

"Os dados preocupam e a pandemia prejudicou as campanhas de rastreamento precoce dos tumores malignos. Vale destacar que todo câncer é curável, mas depende do estágio em que é descoberto. Quanto mais precoce, maior é o índice de cura e o Outubro Rosa é uma grande oportunidade para reforçarmos esse alerta", comenta o coordenador de Mastologia do Grupo AMO, o mastologista Marcos Nolasco, presidente da Regional Bahia da Sociedade Brasileira de Mastologia.

Marcos Nolasco orienta que toda mulher deve fazer a primeira mamografia aos 40 anos, mas, se houver histórico na família, o rastreamento deve ser iniciado antes a partir da orientação médica. "A mamografia é capaz de detectar um tumor ainda não palpável, mas as mulheres de qualquer idade devem estar alertas para qualquer alteração nas mamas e buscar um especialista, pois ali pode haver um sinal de malignidade", completa.

Em alguns casos, a mamografia precisa ser complementada por um outro exame, como a ultrassonografia mamária, ou, a depender do achado, é indicada a realização de uma punção, com coleta de material para estudo anatomopatológico. "A mamografia também pode ser necessária para complementar o exame em pacientes com tecido mamário denso ou, em alguns casos a depender da idade [abaixo de 35 anos], ser substituída por ultrassonografia das mamas", completa Marcos Nolasco.

"A paciente que tem o diagnóstico feito precocemente pode ser tratada com uma cirurgia parcial, com a preservação da mama, evitando mutilação ou grandes deformidades, além de aumentar a taxa de cura", diz o médico, complementando que além da prevenção do câncer de mama, a realização de consultas periódicas com o ginecologista são indicadas para a prevenção do câncer de colo uterino e outras doenças que podem acometer a mulher.

Ação social no dia 24

Para alertar sobre a importância da detecção precoce do câncer de mama, no próximo dia 24, o Grupo AMO vai disponibilizar gratuitamente consultas, mamografias e ultrassonografias para mulheres pré-selecionadas e seguindo as regras de segurança contra a Covid-19.

Os atendimentos - em menor número, porém com foco numa investigação mais completa - serão diluídos em diversas unidades do Grupo AMO em Salvador, interior baiano e Aracaju (SE). A ação integra a campanha Outubro Rosa AMO "Seja rosa, seja um elo", lançada no início de outubro.

Para evitar aglomerações e por atender a um público mais restrito, a ação foi direcionada a instituições parceiras, que selecionaram as mulheres na faixa etária indicada para o rastreamento. Elas são de comunidades beneficiadas por ações sociais realizadas pela Polícia Militar, por exemplo, além de baianas de acarajé, profissionais de salões de beleza e outras ligadas ao projeto social desenvolvido pela Banda Didá. Muitas nunca fizeram um exame nas mamas.

"Os exames são fundamentais no rastreamento desse tipo do câncer de mama, o mais comum entre as mulheres no Brasil e no mundo, depois do câncer de pele não melanoma, e o que mais causa morte entre as mulheres", completa Marcos Nolasco.