Escassez de produção de petróleo na Venezuela leva o país à crise

Pela primeira vez em um século, não há equipamentos para a exploração de petróleo no País

Por Flávio Gomes
09/10/2020 às 07h54
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Foto: Reprodução Estadão
Foto: Reprodução Estadão

Maior produtor de petróleo da América Latina, a Venezuela sofre com a escassez do combustível. Pela primeira vez em um século, não há equipamentos para a exploração de petróleo no País.

O colossal setor petrolífero da Venezuela, que dava vida ao país e alimentou o mercado internacional de energia por um século, está praticamente parado. A produção foi reduzida a um filete em razão de anos de má administração e pelas sanções americanas.

Os poços que permitem o acesso às maiores reservas do mundo foram abandonados ou deixados para queimar gases tóxicos. As refinarias que processavam o óleo para exportação estão abandonados e vazam petróleo que mancha de preto as praias e cobre a superfície do mar com um brilho oleoso.

A escassez de combustível levou o país à paralisação. Em todos os postos de gasolina, há filas que se estendem por quilômetros.  O colapso deixa uma economia destruída e o ambiente devastado, afirmam alguns analistas, decretando o fim da era da Venezuela como fornecedora de energia.

"Os dias da Venezuela como um país petrolífero acabaram", disse Risa Grais-Targow, analista do Grupo Eurasia, consultoria de risco político.

O país, que dez anos atrás era o maior produtor da América Latina, com uma receita de cerca de US$ 90 bilhões por ano com as exportações, no final deste ano, devem faturar líquidos apenas US$ 2,3 bilhões - menos do que o montante agregado que os imigrantes venezuelanos enviarão para casa para sustentar suas famílias, segundo Pilar Navarro, economista de Caracas.

O fim da função central do petróleo na economia da Venezuela é uma reviravolta traumática para uma nação que, em muitos sentidos, se definia como um Estado petrolífero. Depois que as principais reservas foram descobertas perto do Lago Maracaibo, em 1914, os petroleiros dos Estados Unidos chegaram em grande número à Venezuela.

Logo depois de ser eleito presidente, em 1998, Chávez apropriou-se da respeitada companhia petrolífera estatal, demitiu cerca de 20 mil profissionais, estatizou ativos petrolíferos externos e contas que seus aliados acumulam como receitas.

O setor conturbado mergulhou em queda livre no ano passado, quando os EUA acusaram o sucessor e protegido de Chávez, o presidente Nicolás Maduro, de fraude eleitoral, e impuseram severas sanções.

Em pouco tempo, os parceiros da Venezuela sumiram. Agora, mais de 5 milhões de venezuelanos, ou 1 em cada 6 habitantes, localização o país desde 2015 e vivem exilados no exterior.