ARTIGO: Os cinemas de rua da nossa Salvador

Por *Conrado Matos
01/10/2020 às 08h00
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Foto: Divulgação
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Quando cheguei em Salvador no finalzinho de 1981, mas que considero minha vinda oficial para esta cidade, o ano de 1982, onde comecei a frequentar os lugares, comércio, shopping, estádio de futebol, cinemas e tantos outros locais. Recordo-me nesta época que Salvador tinha como exibição cinematográfica 23 cinemas que, entre estes, tenho conhecimento dos cines, Tupy, Jandaia, Guarany, Pax, Tamoio, Bahia, Aliança, Amparo (Engenho Velho de Brotas), Rio Vermelho, Liceu, Santo Antônio, Brasil, São Jorge, Glória, Astor, o antigo Bristol, Uruguai, Itapagipe, Bonfim, que passou a se chamar depois de Art 1 e Art 2, além dos cines 1 e 2 do Shopping Iguatemi, que passou a se chamar de Shopping da Bahia. Embora, existiram outros cinemas, mas não frequentei. No caso dos cines Capri, Nazaré, Roma, Popular e Excelsior que foram também grandes espetáculos cinematográficos. Os cines de rua que frequentei, eu não sei se ainda funcionam todos. Penso que quase todos já se foram.

Os cines Roma, Plataforma e São Caetano são bem antigos. Surgiram entre os anos de 1948 e 1949. O cine Pax de Roma, conhecido como "Gigante da Baixa dos Sapateiros", cujo cinema, inicialmente, foi fundado no ano de 1950 para exibir filmes religiosos. O cine Guarany foi fundado em 1919 e fora considerado um cinema moderníssimo da época. Acredito que o Cine e Teatro Jandaia que foi palco de personalidades importantes da MPB, como Carmen Miranda, grandes filmes, espetáculos e óperas, deve ser um dos cinemas que está entre os mais velhos de Salvador. Um Cine Teatro que era frequentado pelos ricos de Salvador. Fora inaugurado em 1911 e se encontra atualmente abandonado com as janelas abertas e mato pelo teto.

Digo isso, porque vi quando desci recentemente a Ladeira do Alvo, do Bairro Saúde, que sai ali na Baixa dos Sapateiros. Se olhar a lateral, dá para observar sem janelas e acredito que só deva ter morcegos lá por dentro. Outro cinema também velho de Salvador, inaugurado em 1956, que sempre o admirei é o Cine Tupy. Não sei se funciona ainda. Andei frequentando nos anos 80. Os cines Art 1 e 2, eu também gostava de frequentar.

Eu acho que cheguei no momento certo em Salvador. Acredito que essa minha inspiração de poeta e escritor foi toda estimulada aqui nesta cidade, embora, já trago histórias inspiradoras da minha amada terra Sergipe. Nos anos 80 a nossa arte cinematográfica, teatral e musical, ainda viviam o seu grande apogeu cultural. Nós valorizávamos os cinemas, teatros, clubes e os grandes palcos de shows. Nós admirávamos a boa música, não vivíamos apenas de cultura do balança bum-bum, sertaneja e forrozeira sem raízes, e pagodeira.
Lamentavelmente, nossos cinemas de rua vivem o abandono e não temos mais certeza se iremos reviver ou ver suas revitalizações. Se vão destruí-los de vez ou se vão reformá-los. Espero que alguém que ame a cultura se prontifique um dia.

*Conrado Matos - psicanalista, poeta, escritor e filósofo.
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