Entidades da agricultura e pecuária discordam da venda do Parque de Exposições

 Governo da Bahia anunciou venda para obter recursos para a ponte Salvador-Itaparica

Por Jones Araújo
26/09/2020 às 09h57
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Foto: Seagri
Foto: Seagri

Para obter recursos para pagar a contrapartida para a construção da ponte Salvador-Itaparica, orçada em R$ 1,5 bilhão, o Governo da Bahia anunciou a venda do Parque de Exposições de Salvador. Quem discorda com a atitude é a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado da Bahia (FAEB), representante dos produtores e sindicatos rurais baianos.

Os órgãos manifestaram a discordância por meio de carta aberta. No documento eles ressaltam que o espaço é um equipamento público de grande importância para a economia da Bahia, "não agregando apenas ao setor agropecuário, com exposição e comercialização de animais e produtos agrícolas, mas todos os segmentos produtivos, geração de empregos  e recolhimento de tributos ao governo durante cada evento".

"Certamente, a arrecadação gerada pelo agronegócio, que tem mantido a balança comercial do Brasil nesses anos difíceis, cobre, com folga, a manutenção do Parque de Exposições, vital para a continuidade dos negócios de todos os segmentos. É importante ressaltar que o êxito do setor rural garante também a manutenção das pessoas no campo, evitando o deslocamento precário para as cidades. Um campo forte é garantia de uma Bahia forte também", diz o documento.

Além disso, as atividades acadêmicas, de difusão de conhecimento, tecnologia, capacitação profissional e desenvolvimento do empreendedorismo têm, nos eventos no Parque de Exposições, espaços cada vez maiores, que precisam ser estimulados e não inviabilizados com fechamento sumário anunciado", diz trecho da carta assinada pelas entidades.

Ainda conforme a carta, pretender vender o Parque de Exposições sem a prévia discussão com os setores afins, é, no mínimo, demonstração de indiferença por esse segmento econômico.

"Vale pontuar que mesmo que essa venda seja para justificar ou contribuir com a eventual construção de um outro equipamento, ainda que seja importante, não se discute, não vai reparar ou substituir o Parque. Salvador será a única capital do país sem um Parque de Exposições, que beneficia também a população urbana, através de inúmeros eventos realizados no local, garantindo lazer para famílias inteiras", afirmam as entidades no documento.