'O fibromiálgico ainda é visto como preguiçoso pela sociedade", diz Lucinéia Oliveira

A líder da Associação Nacional dos Fibromiálgicos cobra dos estados a homologação de leis que ajudem àqueles que sofrem com a doença e o preconceito

Por Yuri Abreu
23/09/2020 às 14h46
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Foto: Divulgação
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A fibromialgia é caracterizada por uma dor crônica que migra por vários pontos do corpo e se manifesta, especialmente, nos tendões e nas articulações. A doença, que não tem cura, afeta mais de dois milhões de brasileiros, todos os anos, causando a perda da qualidade de vida do paciente e que ainda sofre com o preconceito por parte da sociedade, ainda ignorante com relação aos muitos aspectos do problema, que atinge principalmente mulheres a partir dos 20 anos, mas também já afeta crianças.

"São dores pontuais, que ocorrem diariamente, em toda a área do corpo, e que trazem diversas consequências como sono não reparador, a própria depressão. O paciente tem dores de cabeça, síndrome do intestino irritável e crises de pânico. Na realidade, ela é uma síndrome", afirmou Lucinéia Oliveira, delegada e líder da Associação Nacional de Fibromiálgicos e doenças correlacionadas (Anfibro), na Região Nordeste. Ele concedeu entrevista ao podcast do Portal M!.

A instituição foi criada em 2018, no Rio Grande do Sul, para tentar chamar a atenção quanto a doença e defender os direitos dos fibromiálgicos, mas já tem sedes espalhadas por diversos estados brasileiros.

De acordo com a dirigente, além da doença em si e da dificuldade em conseguir o diagnóstico, o fibromiálgico é vítima do preconceito, pois ele é considerado como preguiçoso pela sociedade, que não entende as limitações impostas pelo problema.

"Enquanto esse diagnóstico não chega, a pessoa sofre muito na questão familiar e dentro da sua área de trabalho. Ela não tem mais a disposição para executar as tarefas diárias e a partir daí as pessoas começam a ver o fibromiálgico como uma pessoa preguiçosa, que só relata dores, que só vive dormindo (...) Quando é criança, sobre bullying dos colegas de escola e já quando adulto sente o julgamento dos colegas, além do assédio moral dentro da empresa pelos patrões. Essa pressão faz com que o fibromiálgico perca a capacidade de interagir com seus colegas de trabalho", afirmou Lucinéia.

Legislação

Conforme a dirigente, alguns estados do país já possuem leis voltadas a defender os direitos do paciente com fibromialgia. Porém segundo ela, a Bahia está atrás dos demais quando o assunto é a legislação pertinente ao tema.

"Nós já participamos de audiências públicas e estamos fazendo várias coisas para que as pessoas tenham conhecimento de que não somos pessoas esquecíveis, porque a doença faz com a gente se afaste do mundo. Hoje, a Associação quer apoio e busca uma lei estadual que defenda os direitos dos fibromiálgicos. Precisamos que o governador tenha essa sensibilidade para trazer este assunto à luz da sociedade", disse Lucinéia.

Você confere o podcast completo com delegada e líder da Associação Nacional de Fibromiálgicos e doenças correlacionadas (Anfibro), na Região Nordeste, Lucinéia Oliveira, clicando no player abaixo.