Infectopediatra alerta para combate às fake news sobre vacinas: "As pessoas devem consultar informações em locais confiáveis"

Em participação no podcast do Portal M!, Anne Galastri defendeu a imunização como critério para viagens e participação em programas governamentais

Por Francisco Artur
06/09/2020 às 15h59
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Foto: Acervo pessoal
Foto: Acervo pessoal

Uma das dez ameaças à saúde, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o questionamento acerca da eficiência de vacinas no combate a doenças vem ganhando força política no Brasil e no mundo, a ponto de formar um movimento intitulado de antivacina.

Nessa perspectiva, a infectopediatra e integrante do Departamento de Infectologia da Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape), Anne Galastri, interpreta que a corrente negacionista dos benefícios da vacina é consequência da desinformação. 

"Sobre a vacina, as pessoas devem consultar informações em fontes confiáveis da imprensa. Quando já há uma imunização disponível à população, é porque aquela substância, antes de ser disponibilizada, já passou por diversos estudos para saber se é eficaz e quais são os efeitos colaterais. Então, não há motivos para questionar se a vacina vai fazer mal ou se é melhor sofrer as consequências da doença do que se prevenir", afirmou a médica. 

Especialista em vacinas e medicina de viagem, Anne foi entrevistada pelo podcast do Portal M!. Na conversa, ela abordou a responsabilidade dos pais de levarem as crianças para tomar as vacinas.

"Ainda tem muitas famílias que ficam com receio de dar a vacina ao filho. Mas, muitas vezes, o médico conversa com os pais, que mudam de ideia e reconhecem a importância da prevenção", contou. 

Ainda sobre o público infantil, o acesso às campanhas de vacinação está previsto no Artigo 14 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), ao classificar a imunização como obrigatória nos casos recomendados pelas autoridades de saúde. 

 

É obrigação tomar vacina?

A suposta não obrigatoriedade da vacina, inclusive, vem sendo defendida pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Na última terça-feira (1), em resposta a uma apoiadora preocupada com possíveis consequências da vacina contra a Covid-19, Bolsonaro disse que ninguém pode ser obrigado a tomar vacina.

A declaração, no entanto, é falsa porque, além do que está previsto no ECA, a obrigatoriedade da imunização consta na Lei nº 13.979/20, assinada pelo próprio presidente em fevereiro. 

Quanto ao debate da obrigatoriedade ou não das vacinas, Anne Galastri falou da possibilidade de estabelecer situações em que a imunização se torne algo necessário.

"Em viagens, por exemplo, para você ir a alguns país, é preciso apresentar comprovante de vacinas. Nas escolas, também é pedida a carteira de vacinação. Então, esse mesmo mecanismo de exigência da vacina é correto e deve ser ampliado no Brasil", defende a médica. 

Confira o podcast com Anne Galastri clicando no player abaixo.