ARTIGO: Obras que incomodam

Por Adilson Fonsêca*
02/09/2020 às 08h00
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Foto: Divulgação
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Em 2007, no início do seu segundo mandato, com pompa, o ex-presidente Lula anunciava investimentos de R$ 4 bilhões para tocar a obra de transposição do Rio São Francisco, que deveria ser entregue cinco anos depois, quando já se imaginava que ele faria o seu sucessor, como de fato aconteceu, com a ex-presidente Dilma Roussef. 

A obra, cujos primórdios remontam a 1847, ainda no Segundo Império (D. Pedro II), passou dos R$ 4 bilhões para 10,6 bilhões em 2018 e somente agora, com um aporte de R$ 1,4 bi, foi entregue no último mês de junho pelo presidente Jair Bolsonaro. Esta e outras 33 obras, das quais 27 foram iniciadas nos últimos três governos, deverão ser concluídas até 2022, desde rodovias, sistemas aéreos e aquaviários e obras de combate à seca, a maioria delas nos estados do Norte e Nordeste.

Entre incômodos e constrangimentos, governadores que fazem oposição ao presidente Jair Bolsonaro, principalmente no Nordeste, têm vistos, nos últimos dias, a entrega de obras, iniciadas em governos anteriores e que somente agora têm sido finalizadas e se prestam àquilo a que foram concebidas: o benefício à população. E contra argumentam que são obras, principalmente dos governos Lula e Dilma, esquecendo-se do beabá de uma política de Estado, e não de Governo, em que o primeiro é contínuo e o segundo temporário, e que se renova a cada quatro anos.

No nosso regime presidencialista, o Chefe de Governo é uma posição ocupada de forma temporária, por aquele que é designado pelo voto das urnas, as funções executivas e/ou administrativas para comandar o País chefiar o Poder Executivo.De forma temporária, de quatro em quatro anos, exerce também a função de Chefe do Estado. Adota políticas de governo, que são suas diretrizes e projetos, mas tem que cumprir uma política de Estado, cujos interesses estão acima dessa temporariedade.

Nos últimos anos, em que governaram Lula, Dilma Roussef e Michel Temer, ficaram pelo caminho, muitos dos quais superfaturados, 33 grandes obras, das quais 25 iniciadas pelos governos petistas e duas pelo ex-presidente Michel Temer. 
Dessas, 18 são de natureza rodoviária, desde pontes e sistemas aeroportuários. A obra da transposição, a mais emblemática, foi iniciada em 2007, com prazo de entrega para 2012. Teve um custo inicial de R$ 4 bilhões, que subiram para R$ 10 bi, em 2017, sem que, contudo, fosse concluída. Para termina-la, o atual governo teve que fazer um aporte de mais R$ 1,6 e a entregou no último mês de junho.

O que o presidente Jair Bolsonaro está fazendo é o que todo gestor, municipal, estadual ou federal, deveria fazer, com os ajustes necessários para dar continuidade às diretrizes do Estado, dentro de uma política específica de governo, para o qual foi eleito. Contudo, movidos pela ideologia oposicionista, enxergam apenas o cunho político-eleitoreiro e não os benefícios que tais obras trazem para a população.

No bojo de obras inacabadas, estão as duplicações das BR-116 (Rio Bahia) e BR-101, ferrovias como a Transnordestina e trechos da Transamazônica, e sistemas de abastecimento de água para o Semiárido. Para concluí-las, o presidente Jair Bolsonaro tem se valido do trabalho do Exército e de um meticuloso estudo de custos, para evitar os tradicionais superfaturamentos, que vinham na forma de sucessivos aditivos orçamentários.

Para entrega-las, vai de avião presidencial ou de carro oficial, a locais como Salgueiro (PE), Juazeiro do Norte (CE) e Campo Alegre de Lourdes, na Bahia, em pleno Semiárido, ou Bagé (RS) e Caldas Novas (GO). E lá encontra uma população receptiva que o agradece, não apenas por ser ele o atual presidente da República, mas porque ele está fazendo aquilo para o qual foi eleito, que é ser Chefe de Governo e de Estado. E isso incomoda.

* Adilson Fonseca é jornalista e escreve sempre às quartas-feiras. 

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