Atividades online: como professores se adaptaram para continuar atuando durante a pandemia

Do básico ao avançado, Cesar Melo, Catharina Paiva e Juliana Bengard garantem orientação personalizada aos alunos

Por Francisco Artur
03/08/2020 às 20h13
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Foto: Acervo pessoal
Foto: Acervo pessoal

É fato que a pandemia do novo coronavírus vem proporcionando um aumento no consumo de transmissões ao vivo nas redes sociais - as chamadas lives. Na internet, o cardápio é variado: há artistas, empresários e até práticas guiadas de exercícios, geralmente comandadas por um educadores físicos. 

Personal trainer, César Melo sentiu no bolso o prejuízo causado pelas medidas restritivas de combate à Covid-19 e teve que se adaptar à nova realidade. "Por causa da pandemia, eu perdi os meus alunos presenciais. No início, foi um choque para mim, tive muito medo. Foi muito difícil, mas eu tive que me reinventar", conta o educador físico.

Ele diz que o abalo psicológico foi maior nos meses de março e abril, época em que se iniciaram as medidas pró-distanciamento social. 

Diante das dificuldades de trabalho na pandemia, César concluiu que a utilização dos meios digitais para transmitir exercícios físicos seria uma solução para voltar a fazer o que mais gosta: auxiliar as pessoas no desenvolvimento físico e mental. 

"Eu não era adepto ao mundo digital, mas tive que fazer minhas lives. Não ia deixar de fazer meu trabalho", diz o personal Trainer, que encabeça todos os sábados tribos on line do projeto A Tarde Conecta, do Grupo A Tarde  

A maior parte das transmissões de César são gratuitas, simples e abertas a todo tipo de público, seja jovem ou idoso. Nos vídeos, o educador propõe o uso de objetos da casa para realizar os exercícios. "A gente faz com sacos de feijão, arroz, farinha. também usamos toalhas e lençóis para fazer o treino", explica.

Além das aulas mais genéricas, César também disponibiliza um programa personalizado a quem almeja um acompanhamento online. Neste caso, o aluno negocia o pagamento diretamente com o instrutor. "São essas aulas que me mantêm financeiramente. Até que tenho uma boa quantidade de alunos", comemora. 

Sobre as aulas personalizadas, César ressalta a necessidade de, em primeiro lugar, conhecer os objetivos e limitações de quem procura seus serviços. "O aluno preenche um questionário de apresentação para saber qual o perfil dele, se ele tem alguma doença ou alguma limitação para exercícios. Nós conversamos, e eu oriento o aluno a tirar uma foto do corpo para ter uma ideia do porte físico e também para, no futuro, comparar os resultados do antes e depois do treino", explica César Melo.


Exercício como expressão artística

A crise sanitária não foi capaz de vencer a motivação artística dos sócios e professores do estúdio de dança Live2dance, localizado nos bairros do Costa Azul e da Barra, em Salvador.

Assim como o personal trainer César Melo, a sócia da academia de dança Catharina Paiva contou que as aulas do estúdio passaram a ocorrer por meio de uma plataforma digital após a pandemia. 

"Não poderíamos ficar sem dançar, sem fazer arte. Nesse período, penso que a arte, manifestada pela dança na plataforma, é muito importante para aguentar essa fase tão difícil da pandemia", refletiu Catharina, que partilha a sociedade do estúdio com a irmã, Juliana Paiva, e o marido. 

Na plataforma, o aluno tem  acesso a 11 modalidades de dança, entre elas jazz e hip hop, e às aulas de yoga. "No site, ele é guiado a começar pelas aulas básicas e ir evoluindo para as lições intermediárias e avançadas", explicou a sócia do estúdio. 

Catharina diz que a procura por aulas online de dança aumentou durante a quarentena. Ela afirmou que há registro de alunos do Live2dance que acessam as aulas no exterior. "Tem gente dos Estados Unidos, Argentina, Portugal e de outros países" , detalhou.

Catharina atribui o sucesso da plataforma de aulas de dança à metodologia usada na Live2dance. "A didática de nossos professores busca ensinar ensinar os passos das danças de forma detalhada", justificou, ao comentar sobre o trabalho dos 16 profissionais que lecionam na plataforma. 

Catharina Paiva (esquerda) ao lado de Juliana Paiva - Sócias do Live2dance

Aprimore o inglês na quarentena
Assim como o investimento no mercado digital possibilitou o crescimento do personal trainer César e da professora de dança Catharina, um processo parecido vem ocorrendo com a professora de inglês Juliana Bengard. Ela, que já lecionou em cursos de línguas em Salvador, viu no oferecimento de aulas online uma possibilidade de gerar renda durante a pandemia.

 "Antes da quarentena, eu havia pedido demissão do meu emprego na escola de línguas para montar minha empresa e dar aulas. Mas, logo em seguida, vieram as medidas de isolamento e eu tive de me adaptar a oferecer cursos online. Está sendo produtivo esse novo método", contou Juliana.

A professora, que leciona inglês de segunda a sábado a um total de 15 alunos de diferentes gerações, explicou que o processo de aprendizado utiliza como base a cultura de países que adotam a língua inglesa.

"Na minha metodologia, eu não foco só na língua e só nos Estados Unidos ou no inglês da Inglaterra. Eu costumo apresentar sempre algo da cultura de países que falam em inglês em geral", afirmou Juliana, que costuma, logo na primeira aula online, fazer uma entrevista para identificar quais os objetivos e o perfil do aluno. 

Juliana Bengard - professora de inglês