Oferta mundial de vacinas contra a Covid-19 corre risco de ser monopolizada

Nações ricas já garantiram 1 bilhão de doses do imunizador

Por Yuri Abreu
03/08/2020 às 09h02
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Foto: Dado Ruvic/Reuters
Foto: Dado Ruvic/Reuters

"Farinha pouca, meu pirão primeiro". Os países ricos já bloquearam mais de um bilhão de doses de vacinas contra o coronavírus, o que leva a crer que o imunizador está correndo um sério risco de ser monopolizado entre àqueles que detém maior poderio econômico.

De acordo com as agências internacionais, as medidas dos EUA e do Reino Unido para garantir suprimentos da Sanofi e da parceira Glaxo Smith Kline, além do pacto entre o Japão e a Pfizer, são as últimas de uma série de acordos. A União Europeia também tem sido agressiva na obtenção de vacinas, muito antes que alguém saiba se elas irão funcionar.

Por outro lado, grupos internacionais e várias nações vem tentando manter o discurso de que as vacinas estarão acessíveis a todos. Porém, as doses provavelmente terão dificuldades para acompanhar a demanda.

"Mesmo que você tenha uma avaliação otimista do progresso científico, ainda não há vacinas suficientes para o mundo. Também é importante considerar que a maioria das vacinas pode exigir duas doses", afirmou à Bloomberg, Rasmus Bech Hansen, diretor executivo da empresa de análise londrina, Airfinity.

Desafios

Porém, há alguns obstáculos que os desenvolvedores das vacinas precisam eliminar: provar que os imunizadores são eficazes, obter aprovação e aumentar a fabricação. A previsão da Airfinity é a de que a oferta mundial de vacinas contra o novo coronavírus pode não atingir 1 bilhão de doses até o primeiro trimestre de 2022.

Desta forma, investir em capacidade de produção em todo o mundo é visto como uma das chaves para resolver o dilema, e as empresas farmacêuticas estão começando a delinear planos para ampliar as doses. 

A Sanofi e a Glaxo pretendem fornecer uma parcela significativa da capacidade mundial em 2021 e 2022 a uma iniciativa global focada em acelerar o desenvolvimento e a produção e distribuir equitativamente as doses.

Além disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Coalizão de Inovações em Preparação para Epidemias e a Gavi, a Aliança pela Vacina, estão trabalhando juntas para obter acesso equitativo e amplo. Eles delinearam um plano de US$ 18 bilhões em junho para lançar vacinas e garantir dois bilhões de doses até o final de 2021.