Desvio de armas dentro do Exército é revelado por investigação

Apuração apontou que centenas de armas que seriam destruídas ou incorporadas às FAs não tiveram devida destinação

Por Yuri Abreu
03/08/2020 às 08h43
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Foto: Divulgação/Exército Brasileiro
Foto: Divulgação/Exército Brasileiro

Uma investigação conjunta do Ministério Público Militar (MPM) e do Exército descobriu que centenas de armas de propriedade de colecionadores - vários já falecidos - que seriam destruídas ou incorporadas ao arsenal das Forças Armadas foram desviadas para clubes de tiro, empresas de segurança e outros colecionadores. As informações são do jornal O Globo.

De acordo com o órgão, armas apreendidas com criminosos cuja destruição pelo Exército havia sido determinada pela Justiça também fazem parte do esquema. 

Na última sexta-feira (31), por ordem da Justiça Militar, 182 armas foram apreendidas em endereços relacionados a 13 pessoas - entre colecionadores, militares e civis - no Rio, no Espírito Santo e no Paraná. Desse total, 101 foram desviadas no esquema; as 81 restantes estavam em situação irregular.

Na sede da Guardian Segurança Vigilância, na Zona Oeste do Rio, que pertence ao major da reserva da PM Álvaro Fernandes Sabino, onde foram apreendidas 83 armas. Já na Confederação de Tiro e Caça do Brasil, no Centro do Rio, foram apreendidas peças de fuzis.

A operação foi um desdobramento da prisão, em abril do ano passado, do ex-chefe do Serviço de Fiscalização de Produtos Controlados (SFPC), tenente-coronel Alexandre de Almeida. O militar, identificado como principal o responsável pelo esquema, era a mais importante autoridade do setor no controle de armas que circulam no Rio de Janeiro e Espírito Santo. 

Segundo o inquérito, o oficial registrava as armas no Sistema de Gerenciamento Militar de Armas (Sigma), o cadastro das armas registradas no Exército, em nome de seus novos donos ilegalmente. Um mês após a prisão, a Justiça Militar determinou sua soltura. A investigação segue em andamento.